Mansão do Visconde de Guaratinguetá, onde Maria Augusta morou, hoje é a sede do Instituto de Educação Conselheiro Rodrigues Alves. |
Em Guaratinguetá, no Vale do Paraíba, a Escola Estadual Conselheiro Rodrigues Alves é uma das maiores — e possivelmente mais bonitas — construções arquitetônicas da cidade, que foi um dos principais municípios de produção de café para o estado de São Paulo.
No entanto, antes de se tornar um dos principais prédios de educação, era o lar do Visconde de Guaratinguetá e da sua filha, Maria Augusta, que ficou popularmente conhecida como a "Loira do Banheiro". Foi no interior da casa — que possui grandes janelas e é cercada por um muro com grades de metal estilizadas —, que surgiu uma das principais lendas brasileiras.
Desde 1985, o local foi declarado monumento estadual de valor histórico e arquitetônico para fins de tombamento e preservação, em consequência do estilo que marcou construções no século 20.
Reza a lenda, que Maria Augusta Oliveira seria até hoje vista nas instalações do prédio pelos alunos e professores da escola que funciona no atual prédio e, antigamente, antes da urbanização, fazia parte da chácara de um dos homens mais poderosos de Guaratinguetá.
A origem da lenda
Em 1880, o Visconde de Guaratinguetá forçou a filha, aos seus 14 anos, a se casar com um homem mais velho e influente da cidade, o Conselheiro Dutra Rodrigues, 21 anos mais velho. Pouco tempo depois do casamento, vendeu suas joias e fugiu para Paris, em 1884, com 18 anos. Na Europa, usou a fortuna para frequentar bailes da alta sociedade. Maria Augusta morreu aos 26 anos, em 1891, quando o atual colégio ainda era a mansão no interior de São Paulo. De navio, o corpo da garota voltou ao Brasil apenas após sua morte. O caixão que trazia o corpo foi violado por ladrões que queriam as joias que estavam junto ao corpo. Nesse processo, sumiu o atestado de óbito e, por isso, sua morte é um mistério até hoje.
À época, como reza a lenda, uma das empregadas do casarão em Guaratinguetá afirmou ter visto o espelho do local se quebrar assim que a jovem morreu em Paris.
O retorno de Maria Augusta à mansão
O retorno de Maria Augusta à mansão
Pintura de Maria Augusta de Oliveira. |
Nas palavras do professor e historiador Carlos Eugênio Marcondes de Moura, parente distante de Maria Augusta, assim que o corpo chegou na cidade "foi um acontecimento" e a estação ficou lotada de pessoas curiosas.
Enquanto o mausoléu construído especificamente para ela no Cemitério dos Passos — até hoje considerado um dos lugares mais visitados e até mesmo "ponto turístico" de Guaratinguetá, pelo background histórico e a beleza dos detalhes —, Maria teve seu corpo colocado dentro de uma redoma de vidro na sala de visitas da mansão em que morou. Colocaram uma coroa feita de flores douradas e mechas do cabelo da morta, velas e cortinas pretas em todas as janelas.
Incêndio na mansão
Fachada da escola após o incêndio em 1916. |
Em 1902, a mansão virou sede da Escola Estadual Conselheiro Rodrigues Alves e, 14 anos depois, um "incêndio misterioso" tomou conta do casarão. Há quem diga que o fantasma da "Loira do Banheiro" seria a responsável. Isso porque uma das hipóteses era de que ela teria morrido de raiva, doença presente na Europa na época da sua morte, que tem como um dos principais sintomas a desidratação.
Segundo depoimentos da época, as pessoas que tentavam apagar o incêndio ouviram o piano da mansão tocar — o instrumento musical, que Maria Augusta tocava, até hoje está presente no anfiteatro da escola.
Os banheiros da mansão
A Loira do Banheiro é uma das lendas mais famosas do Brasil. |
A história passou por adaptações ao longo dos anos, apropriando-se de referências da lenda norte-americana Bloody Mary ("Maria Sangrenta", em tradução livre). Estudantes da Escola Estadual Conselheiro Rodrigues Alves acreditam em várias teorias para invocá-la nos banheiros da instalação.
Uma delas seria pegar um fio de cabelo loiro e jogar no vaso sanitário, dando descarga três vezes. Outra seria chamá-la três vezes em frente ao espelho do banheiro da mansão, bater a porta do banheiro, falar palavrões, chutar o vaso sanitário e puxar a descarga.
Fontes: Observatório de Políticas Públicas de Guaratinguetá e dissertação de mestrado "História e memória da Escola Complementar de Guaratinguetá", de Debora Maria Nogueira Carbage. Via: UOL
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