Zombi Child resgata temática original da mitologia dos zumbis

Previsto para chegar aos cinemas brasileiros no dia 26 de março, o filme francês Zombi Child teve sua estreia cancelada por causa do coronavírus.

Sendo lançado somente nesse mês nas plataformas de streaming, o longa intercala dois momentos temporais: o Haiti de 1962 e a França da atualidade. Ele parte de uma história real, que nunca foi devidamente esclarecida. Em abril de 1962, o haitiano Clairvius Narcisse chegou a um hospital de seu país reclamando de febre. Morreu pouco depois e foi enterrado como de costume.

Porém, alguns dias mais tarde, o caixão foi violado e um feiticeiro o levou embora, transformando-o em escravo numa plantação de açúcar. Assim como outros colegas, era sustentado por uma bebida misteriosa que o colocava em estado zumbi. Em Paris, na atualidade, sua neta revela o segredo da família para ser aceita no grupo de amigas. Uma delas busca essa tradição secular para curar a ferida amorosa.

Exibido no Festival de Cannes no ano passado, “Zombi child” tem 85% de aprovação da crítica no site “Rotten Tomatoes”. Uma das resenhas, assinada pelo crítico de cinema Glenn Kenny, do “New York Times”, afirma que a produção de Bonello é “abastecida por insinuação e fascínio”.

Dirigido por Bertand Bonello (Nocturama, O Pornógrafo), o diretor fez questão de rodar muitas das cenas do filme no Haiti, mesmo não sendo a opção mais viável: "Precisava ser no Haiti, senão perderíamos toda essência".

A figura do zumbi original (zombi, não zombie) “é profundamente embutida na história e na cultura haitiana. É o resultado de uma magia vudu, que as pessoas pouco falam e muitas negam a existência”, explica Bonello, que encontrou inspiração em livros de fotografias, romances e publicações antropológica, como Voodoo in Haiti, do autor suíço Alfred Métraux, dos anos 1950. “Diferentemente do zumbi americano, que é uma pessoa morta, o zumbi haitiano está suspenso em algum lugar entre a vida e a morte”, completa.

Zombie Child é uma produção sobre o poder das diferenças e uma crítica voraz ao colonialismo.

O filme está disponível nas plataformas iTunes, Google Play, YouTube, Vivo Play e Now.

Confira o trailer: