Até agora ninguém conseguiu explicar o estranho fenômeno |
A madrugada avançava, fria e escura, na pequena cidade de Coos Bay, Oregon, EUA. A enfermeira Clara Martins* estava cuidando de uma senhora de 78 anos quando, de repente, algo a assustou: um grupo de pessoas estava vandalizando seu carro, estacionado bem em frente à casa da velhinha. Apavorada, Clara chamou a polícia e se escondeu – mas quando os oficiais chegaram, não encontraram nada: o carro estava intacto e não havia nem sinal dos vândalos. Eles acabaram indo embora; Clara sacudiu a cabeça, achando que era cansaço, e continuou cuidando de sua paciente.
Duas horas depois, porém, a cena se repetiu: a enfermeira viu um grupo de pessoas destruindo seu carro. Ela chamou a polícia de novo e, mais uma vez, eles não encontraram absolutamente nada. Preocupados com a sanidade mental da enfermeira, eles a levaram para o hospital de Bay Area, onde ela foi submetida a uma série de exames que não encontraram nada de errado.
Só isso já seria meio perturbador, mas tem mais: Clara não foi a única a ter alucinações naquele dia. Na verdade, quatro outras pessoas demonstraram os mesmos sintomas – e todas tiveram contato com a enfermeira. A primeira foi a velhinha de quem Clara estava cuidando; depois, foram os dois policiais que atenderam ao primeiro chamado da enfermeira. Por fim, um funcionário do hospital disse que estava vendo coisas.
Todos foram hospitalizados e passaram por exames, mas nada de anormal foi encontrado nos cérebros deles. Agora o mais bizarro: naquela tarde, toda a área em que Clara esteve (a casa e a ala inteira do hospital) foi isolada em quarentena, checada e descontaminada, mas nada que justificasse a mini epidemia foi encontrado – nenhuma fonte de contaminação, nenhum resto de drogas, nada. Tanto a casa quanto o hospital, assim como o sangue dos pacientes, estavam limpos de qualquer estimulante alucinógeno.
Até agora, ninguém conseguiu explicar o estranho fenômeno, digno de um livro de Stephen King ou de Stranger Things. Mas a polícia e os médicos do hospital deram algumas hipóteses: a mais aceita é que as alucinações tenham sido causadas pela exaustão das pessoas envolvidas – afinal, quatro delas tinham empregos emocionalmente desgastantes (enfermeira de idosos, funcionário de hospital e policiais), e uma delas estava em uma idade avançada. A de Clara, especificamente, pode ter sido fruto do contato com drogas contra Parkinson.
Só essa explicação, porém, não dá conta da coincidência do encontro entre os “alucinados” no mesmo dia. Alguns médicos do hospital acham que a culpa pode ser de algum fungo, cujos esporos estavam “viajando” pelo ar nas redondezas bem naquela hora – isso explicaria por que todo mundo que esteve perto de Clara teve as alucinações: os esporos devem ter ficado presos na roupa e nos cabelos da enfermeira, e podem ter sido aspirados por acidente. Mas não havia nenhum traço anormal no sangue das pessoas “contaminadas”.
Uma terceira explicação, que talvez seja a mais plausível se a gente combinar com a primeira, é uma coisa chamada “Efeito Fogueira”: uma ilusão compartilhada por várias pessoas em uma situação estressante (como, por exemplo, uma noite no meio do mato, sem outra iluminação além de uma fogueira: se alguém ouve passos, você começa a ouvir também). Isso faz sentido: os policiais ficaram assustados logo na primeira vez que Clara os chamou, e aí, quando levaram a enfermeira para o hospital, comentaram com os funcionários sobre a situação esquisita. E aí, todo mundo ficou com medo junto e acabou desenvolvendo os mesmos sintomas mentais.
Ainda assim, ninguém tem certeza dessa hipótese: pelo que a gente sabe, podem ter sido aliens tentando dominar as mentes dos seres humanos, o Governo fazendo experimentos com uma pequena cidade ou até o começo de uma epidemia zumbi – causo bom para ser contado nas festinhas de Halloween.
* Nome fictício
Foto aérea da cidade de Coos Bay, população de apenas 15.000 habitantes |
Reportagem publicada originalmente no site da Superinteressante.
Fonte: Exame
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