O Balanço

segunda-feira, 5 de junho de 2017

O Balanço


Balanços são comumente considerados simples mecanismos para o divertimento tanto dos mais jovens quanto daqueles que gostam de relembrar a infância. Mas não neste conto de terror que você vai ler agora..

Quando a meia-noite se aproxima, eventos estranhos acontecem no quintal dessa misteriosa casa...

“Mate-a... mate-a...” “Eu não posso! N-não consigo...” “Você precisa...” “Não posso Josh...”

Emergindo da profunda escuridão de seus sonhos, fugindo daqueles sussurros melancólicos, Drake acordou em meio à escuridão do seu quarto, assustado, com uma angústia nunca antes sentida por ele.

Levantando-se da cama, buscou no escuro o interruptor da única lâmpada do quarto em que dormia. Quando estava prestes a achá-la, ouviu um baixo e distante rangido. Ouvindo mais atentamente, percebeu que vinha do lado de fora da casa, do quintal. Seu breve e repentino susto passou quando percebeu de onde vinha o ruído. Vinha do velho balanço do quintal.

Era um balanço antigo, pintado há muito de branco, com a tinta já gasta, que existia desde quando os antigos proprietários compraram a casa e passaram a morar lá. Eles se foram, mas o balanço persistia ao tempo.

Depois de deixarem a casa, surgiu na vizinhança uma história que, às vezes, à noite, o balanço branco era visto se mexendo misteriosamente. Alguns afirmavam ser a brisa noturna, mas outros afirmavam ser a alma da criança que morou naquela casa antes de Drake.

A história dos moradores contava que, logo após ser comprada, uma mulher que aparentava pouco mais de trinta anos e seu filho, de dez, se mudaram para a casa. Depois disso, ela foi vista poucas vezes. E nas poucas vezes em que era vista, apresentava um semblante melancólico, depressivo. Seu filho apenas era visto brincando no balanço branco no quintal da casa.

Após alguns dias sem aparentar movimento, um vizinho resolveu ligar para a polícia. Quando os policiais chegaram, encontraram um ambiente digno de um filme de terror: o filho estava morto, deitado na cama, e a mãe, enforcada no porão da casa. O laudo médico constatou que a mãe abusava de antidepressivos e que tinha frequentes crises de profunda depressão e melancolia.

Essas crises começaram após o marido deixá-la sozinha com o filho para fugir com outra mulher. E foi em meio a uma dessas crises que ela colocou veneno no copo de leite matinal do filho e se enforcou.

Não foi encontrada nenhuma carta, apenas um bilhete onde ela estava “acabando com o sofrimento dela e livrando o filho deste fardo”.

Após esses acontecimentos, próximo a meia-noite, o balanço branco era visto se mexendo como se a criança ainda estivesse lá.

No dia seguinte, quando contou à mãe o que havia visto e sonhado na noite anterior, Drake não esperava pela sua reação.

Ouvindo os relatos do filho, Carolyn se horrorizou. O que seu filho lhe contava havia lhe acontecido três dias antes, enquanto lia um livro, deitada em sua cama.

No meio do décimo primeiro capítulo de um livro de romance, que trata da paixão de uma mulher por um homem, mesmo depois de descobrir a traição deste, Carolyn notou que ouvia um leve ruído vindo do quintal.

Ao aproximar-se da janela, notou também o velho balanço branco movendo-se para frente e para trás. Não era o vento, pois estavam passando por um verão quente e seco.

Enquanto olhava, o balanço parou. Um vulto passou em frente à janela, assustando-a. Com o sobressalto, esbarrou e quebrou o abajur que iluminava sua cabeceira.

Passada a distração, ela voltou sua atenção para o balanço. Dessa vez, o horror arrepiou seus cabelos e lhe causou um frio na espinha. Lá, havia uma forma escura. Ao vê-la, Carolyn estranhamente lembrou-se de seu filho que dormia no quarto ao lado.

A forma tinha o tamanho de seu filho em estatura. Além disso, ela não conseguiu distinguir nada mais. E então, de repente, a forma sumiu do balanço.

Após esta experiência, Carolyn deitou-se e dormiu. Em meio a seus sonhos, uma voz. Uma voz de criança. E ela dizia

- Mate-a. Foi isso que a voz disse, mamãe. O que isso quer dizer?

- Nada, querido. Nada.

Carolyn sabia que o que aquilo havia falado ao seu filho durante seu sono era o mesmo que ela também havia ouvido. E isso lhe apavorou.

Durante semanas, a voz lhes atormentou com seus sussurros noturnos. Carolyn já apresentava sinais de loucura e seu filho já não dormia com a luz apagada.

Em meio a esses eventos que perturbavam as noites de mãe e filho e sem condições de mudar-se daquela casa, Carolyn tomou uma decisão. Ela não podia mais aguentar.

Quatro dias depois e sem ter visto mais os novos vizinhos, Andrew, o vizinho que morava ao lado, resolveu ligar para a polícia. Ele achava estranho o sumiço dos novos vizinhos e isso lhe preocupava mais ainda devido à história da casa.

Quando a polícia chegou, o pior, infelizmente, havia acontecido. O filho estava morto no quarto, envenenado. A mãe, no porão, enforcada.

Depois que a perícia foi concluída e os corpos retirados, a casa voltou a ficar à venda. E está à venda, até hoje.

Histórias da vizinhança afirmam que sombras ainda são vistas perambulando pelo quintal durante a noite. E que o balanço branco ainda está lá, se mexendo e rangendo, para frente e para trás, para frente e para trás...

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