Concurso causou controvérsia em conselho parisiense, mas Airbnb conseguiu autorização em troca de doação para reformas (Foto: AP Photo/François Mori) |
Um brasileiro foi o vencedor do controverso concurso do site de hospedagem Airbnb, que ofereceu a possibilidade de dormir uma noite nas catacumbas de Paris no dia 31 de outubro, o Dia das Bruxas.
De volta ao Brasil após uma semana na capital francesa, o advogado mineiro Pedro Arruda, de 27 anos, diz que a experiência foi "impressionante" e mais engraçada do que amedrontadora.
Para vencer o que ele diz terem sido 27 mil participantes de todo o mundo, Pedro fez piada quanto a se era "corajoso" o suficiente para ser a primeira pessoa a acordar nas catacumbas, onde estão guardados os restos mortais de 6 milhões de pessoas.
"Eu disse basicamente que fui uma criança muito corajosa: tomava suco de laranja após escovar os dentes e, quando minha mãe dizia que não queria ouvir mais uma palavra minha, eu respondia: 'palavra' – era para ser uma resposta engraçada mesmo", disse à BBC Brasil.
Quando o Airbnb anunciou o concurso, líderes da oposição do conselho da cidade recorreram à prefeita Anne Hidalgo pedindo que ela não esquecesse de uma lei francesa que estabelece "devido respeito ao corpo humano mesmo após a morte".
A empresa afirmou que garantiria "a segurança e o respeito pelas catacumbas" e que, em troca de poder hospedar duas pessoas por uma noite no local, fez uma doação à prefeitura parisiense, "com intuito de ajudar no financiamento das obras de renovação das catacumbas".
Segundo a agência de notícias AP, o valor da doação teria sido cerca de 300 mil euros (R$ 1,2 milhão). À BBC Brasil, o Airbnb confirmou a doação, mas optou por não revelar o valor.
Arruda dormiu no túmulo acompanhado de sua mãe; na falta de instalações subterrâneas, eles usavam banheiro de funcionários no térreo (Foto: AP Photo/François Mori) |
Os restos mortais que se encontram depositados nas catacumbas foram sendo levados pouco a pouco para o subsolo entre o final do século 18 e meados do século 19, quando os cemitérios superlotados de Paris foram fechados por questões de saúde pública.
Por causa disso, as catacumbas abrigam milhões de ossos organizados como se fossem um "retrato da morte", segundo algumas descrições do local.
"Chegar nas catacumbas é impressionante, pela quantidade de ossos nas paredes e o jeito como eles são arrumados. Realmente eu não esperava que fosse ser assim", disse o advogado.
"Chega até a ser bonito, parece uma obra de arte."
As catacumbas são parte de uma enorme rede de túneis existente nas entranhas de Paris, formada pela extração de calcário e gesso a partir da época romana para serem usados na construção da cidade.
Apenas uma parte do labirinto de túneis é aberta ao público, e visitantes precisam descer 20 m sob o solo para visitar o local onde estão os ossos.
Foi aí que Pedro e sua mãe Monica, de 54 anos, –que o acompanhou na viagem "pela aventura", segundo ele – passaram a noite. "Era bem frio lá embaixo, fazia cerca de 13ºC", conta.
Além da hospedagem, eles tiveram um jantar de culinária francesa no "maior túmulo do mundo" e foram entretidos no por um contador de histórias profissional, contratado para deixá-los no clima do Dia das Bruxas com histórias assustadoras. Esta última parte, no entanto, não fez muito efeito, de acordo com o mineiro.
"A situação era tão anormal que ficava mais engraçado do que qualquer coisa. Eu acabei batendo papo com ele sobre literatura", diz.
Visitantes são recebidos nas catacumbas pela frase: "Pare, este é o reino da morte". (Foto: AP Photo/François Mori) |
Fonte: G1
Um comentário:
do jeito que as coisas estão aqui no Brasil , ele teria medo é de retornar para cá !
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