Conheça lendas urbanas natalinas da cidade de Curitiba

quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Conheça lendas urbanas natalinas da cidade de Curitiba

Natal curitibano esconde muitos mistérios..

Curitiba é terreno fértil para o florescimento de lendas urbanas. E no Natal a situação não é diferente. Tomado pelo espírito natalino, capaz de fazer desabrochar sentimentos como solidariedade e compaixão, este período é marcado pelo surgimento de lendas revestidas de uma forma diferente, mais amena e simpática.

De acordo com Luciana do Rocio Mollon, curitibana apaixonada por lendas e causos desde a infância, em geral essas histórias, que nascem do imaginário popular e ganham vida no seio da sociedade, no boca a boca, costumam ser repletas de fantasmas, espíritos e mistérios. Quando relacionadas com o Natal e o simpático Papai Noel, contudo, acabam se revestindo de um outro caráter, contando lições de amor e amizade.

Um dos exemplos, conta a autora do livro “Lendas Curitibanas”, é a história de uma moça chamada Railde, que nos anos 1970 era gerente de uma loja de calçados em Curitiba. Numa véspera de Natal, ao ser questionada por uma catadora de papel que levava em seu carrinho os dois filhos se não teria algum presente para dar às crianças, respondeu dando três caixas de sapatos – uma para cada criança e outra para a mãe. Ouviu, então, uma espécie de promessa ou previsão: “Hoje à meia-noite você terá uma surpresa”.

“No horário afirmado, a gerente, que havia preparado a ceia para receber seus parentes, escutou um barulho estranho, uma mistura de sininho com trote de animais vindo do quintal. Quando chegou ao local, viu a caixa dos sapatos que havia dado para as pessoas carentes e, dentro, encontrou moedas de ouro”, conta Luciana, que revela ter escutado esta história da boca de sua avó, dona Mirtes.

Ao longo de anos pesquisando e escutando as lendas que o povo tinha para contar, Luciana estima ter se deparado com aproximadamente 10 lendas natalinas. Além das curiosas histórias relacionadas com Curitiba, há ainda aquelas que dialogam com clássicos natalinos, como o panetone ou a história do quebra-nozes. A autora e aficionada por lendas, inclusive, aposta que cada uma delas contenha, pelo menos, um fundo de verdade.

“Lendas urbanas são histórias, causos, que sempre envolvem o sobrenatural e passam de boca em boca. Aí tem sempre aquilo de que quem conta aumenta um tanto, a velha história do telefone sem fio. Então sempre vão aumentando, diminuindo alguma coisa da história, e assim se cria uma lenda”, explica Luciana. “Pessoas diferentes, de vários locais da cidade, contam a mesma coisa. Com certeza tem um fundo de verdade”, complementa.

Conheça algumas das lendas natalinas curitibanas:


Natal no Palácio Avenida


O Palácio Avenida teria sido construído em 1929 pelo comerciante Feres Merhy e, anos depois, abrigou o Cine Avenida e o Bar Guairacá, cuja dona sempre sonhou em montar um coral de crianças para o Natal. Por problemas familiares, contudo, nunca conseguiu o fazer. Ainda assim, prometia: “Mesmo que depois da minha morte, ainda formarei um coral!” Décadas depois, o Palácio foi recuperado e reaberto em 1991, quando o departamento de marketing do banco que se instalou no local decidiu montar um espetáculo de coral natalino com crianças carentes.


Fantasma no coral do Palácio Avenida


Dona Maria era mãe de uma jovem chamada Patrícia. Mesmo doente, a menina sempre sonhou em participar do coral natalino do Palácio Avenida, mas não teve tempo: em 1993, faleceu vítima de tuberculose. Em Dezembro do mesmo ano, sua mãe foi assistir ao coral de Natal, quando teve a impressão de ver sua filha cantando em uma das janelas e desmaiou. Na noite seguinte, sonhou com a filha, que aparecia com asas de anjo em uma das janelas do Palácio cantando. De repente, a menina desceu para perto da mãe e confidenciou: “Era eu mesma cantando no coral. Realizei meu sonho”.


O presente do Papai Noel fantasma


No começo do século passado, uma senhora chamada Ortele tinha uma paixão secreta, com quem se encontrava no porão de uma casa onde um relógio cuco estragado testemunhava os momentos de amor. O pai de Orlete, contudo, foi transferido e ela e nunca mais viu o amado. Décadas depois, ela voltou para Curitiba e tomou a linha especial de ônibus chamada Natal. No caminho, um homem vestido de Papai Noel sentou-se ao seu lado e lhe entregou um presente. Quando desembrulhou o pacote, ela se deparou com o relógio cuco da época de seu primeiro amor. A barba do Papai Noel caiu e ela então reconheceu Osvaldo e foi o abraçar, mas ele desapareceu como névoa, deixando apenas o relógio como lembrança.

Mula sem Cabeça milagrosa


Um padre que rezava missas na Igreja Nossa Senhora das Dores tinha uma mula de estimação chamada Bela Vista, que ficava do lado de fora da igreja e costumava brincar com as crianças que moravam na região. Algumas beatas, porém, não gostavam do animal de estimação e ficaram irritadas ao saber que o padre queria o usar em uma festa da paróquia e reclamaram com o bispo, que proibiu a entrada da mula na igreja e ainda acabou por ordenar sua transferência para um sítio na cidade de Quitandinha. Lá teria salvo um menino que se afogava numa lagoa próxima e salvo uma jovem que era seguida por um bandido numa floresta ao aparecer com uma cabeça de fogo.


Fonte: Bem Paraná

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