Anhangá, o demônio do centro paulistano

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Anhangá, o demônio do centro paulistano




Aproveitando que ontem foi comemorado o dia do Índio resolvemos trazer para a postagem de hoje uma lenda indígena muito interessante:

Anhá-Angá, “anhang” do tupi-guarani. “Ang” significando Alma e “Anhá”, correr, ou seja, uma alma que corre. Pode ser traduzido por alma errante dos mortos, sombra, espírito ou, como fala o caboclo, visagem, que é o mesmo que espectro, fantasma e assombração.
Anhangá é alma protetora das matas e, assim como o Curupira, é protetor de todos os animais. A ele parecem estar afetos o destino da caça e da pesca.
Como alma é invisível, entretanto pode assumir diversas formas. As formas nas quais se apresenta depende para quem aparece.
Nos tempos que os jesuítas fundaram a cidade e estavam a converter os índios, era sabido de um espírito que abrigava os arredores, que amedrontava índios e caçadores.

Na região aonde hoje é o vale do anhangabaú, corre um rio mesmo que canalizado que é chamado de Rio Anhangabaú, a referencia do nome é completamente ligada ao demônio, o significado do nome é algo como “Água do mal”, “Rio Maldito” ou apenas “Aguá de Anhangá” pois este era conhecido como seu domínio.

Os jesuítas quando fundaram a cidade no alto do planalto e após fazer contato com as tribos indígenas vizinhas, perceberam que muito deles tinham um terrível medo de atravessar o rio, pois diziam que quem o atravessa-se seria caçado pela terrível criatura.

O nome da criatura que varia entre Anhangá e Anhanguera vem do tupi, e significa algo como “espirito velho” e “alma antiga”. Ouvindo relatos sobre a criatura, os padres jesuítas logo o associaram com a imagem do diabo cristão, visto o temor que ele espalhava nos habitantes.

Há inúmeros relatos pelo Brasil de como ele agia e se parecia, na maioria dizia-se que por um assovio alto e longo ouvido ao entrar na mata, era um aviso que anhangá estava a te observar.

Geralmente associado a proteção das matas e da fauna, toda vez que uma caça fugia dizia ser culpa do anhangá que tinha dado proteção a presa, ou então fazia armadilhas para confundir os caçadores.



A coisa toda começa a ficar estranha, quando alguém parte para o desdém da criatura, relatos vão de pessoas que morreram misteriosamente, e outras que foram postas para fora da mata por uma “força invisível”. A vítima sentia como se estivesse sendo golpeada na cabeça com uma maça ou um bastão de madeira.

Para se ter paz na caçada, dizia-se que devia cortar uma vara no meio, e deixar um pouco de fumo na entrada na floresta, ou aonde se abate-se uma caça, logo devia-se oferecer a oferenda ao espírito e sair tranquilamente, que nada lhe aconteceria, alguns relatos também dizem sobre a criação de uma cruz com bambus e deixa-la no meio da mata, algo que inibiria os ataques da fera.

Os avistamentos são variados e variam para os mais diversos possíveis. Visto que por ser um espírito, podia tomar qualquer forma possível, mas o que mais se repetiam era a imagem de um cervo branco, com olhos de fogo e uma cruz na testa, uma simples encarada nos olhos flamejantes espalharia o total terror na vítima e sua paralização por completo.


A ideia de um espírito vingativo rondando as primeiras vilas da São Paulo colonial aterrorizava em muito seus primeiros habitantes. Claro que com a chegada da industrialização e urbanização dos séculos posteriores, costumes e crendices indígenas ficaram no passado. Mas pare para analisar por um só instante, a grande maioria dos prédios assombrados da capital paulista se encontra nos arredores de onde corre o rio, como por exemplo o edifício Martinelli, sem contar os desastres dos edifícios Andraus e Joelma, onde diversas pessoas morreram devido ao incêndio.


Será isso uma forma do espírito se vingar das pessoas que invadiram seus domínios, derrubaram as arvores e canalizaram seu rio?

Um comentário:

♣ Rafilsky ♣ disse...

Estou muito lisonjeado que tenham usado um texto meu no blog de vocês. Mas seria de muito bom gosto que pelo menos fizessem uma referência ao dono do artigo.