Conferimos Verônica, o terror espanhol sobre possessão sensação da Netflix

Sinopse

Madrid, década de 1990. Verônica, uma jovem bonita e alegre de 15 anos, passa seus dias se revezando entre os cuidados de três irmãos mais novos e as brincadeiras com seus amigos adolescentes, já que sua mãe viúva (Tese 'Ana Torrent) trabalha por longas horas diariamente. Durante um eclipse, ela e duas amigas decidem invocar o espírito de seu pai através de um tabuleiro ouija. Durante a sessão a mesma entra em uma espécie de transe e desmaia, assustando suas amigas. Depois de recuperada começa a perceber coisas estranhas em sua casa, que a faz pensar que seu pai finalmente voltou ao mundo dos vivos.

Ficha Técnica

Direção: Paco Plaza

País: Espanha

Roteiro: Paco Plaza, Fernando Navarro

Elenco: Sandra Escacena, Bruna González, Claudia Placer, Iván Chavero, Ana Torrent, Consuelo Trujillo, Ángela Fabián, Carla Campra, Chema Adeva

Produção: María Angulo, Javier Carneros, Mar Ilundain, Enrique López Lavigne

Gênero: Terror / Drama

Duração: 105 min.

Classificação Indicativa: 16 anos

Curiosidades

- Chegou aos cinemas em agosto de 2017 na Espanha, no Brasil chegou no final de fevereiro/2018 diretamente na Netflix.

- O diretor Paco Plaza, já é um velho conhecido do público por filmes de zumbis como o agradável  [Rec] e o fraco Quarentena.

- Baseado em fatos reais, sobre o único caso sobrenatural registrado presencialmente pela polícia espanhola em 1991.

-  Este é o primeiro filme da atriz principal, Sandra Escacena.

-  O filme que Verônica está assistindo quando ela e suas irmãs e irmãos estão dormindo juntos na sala de estar é o clássico espanhol de terror de 1976 "¿Quem pode matar a un niño?" ("Quem pode matar uma criança?")

- Foi selecionado na seção de Cinema Mundial Contemporâneo no Festival Internacional de Cinema de Toronto de 2017.

Crítica

Terror espanhol bebe demasiadamente da fonte de "Invocação do Mal" e se engasga

Verônica poderia ser um filme da franquia Sobrenatural ou Invocação do Mal, essa produção espanhola não perde em nada para as super produções de Hollywood, principalmente quando o assunto é efeitos especiais e o roteiro, que parece que saiu de um dos filmes das franquias. Mas como essas franquias que começaram fazendo terror de forma promissora já estão respirando com ajuda de aparelhos, não encare isso como um elogio.

Parece um longa despretensioso, começa de forma lenta, mostrando a rotina de uma garota de 15 anos, que cuida sozinha de todos os irmãos pois sua mãe parece trabalhar muito, carregada de obrigações e compromissos em sua casa pra lá de estressante, estuda em um colégio de freiras, a parte sobrenatural do filme começa com a professora contando as lendas do eclipse, sobre portais que se abrem enquanto o fenômeno ocorre nos céus e palco de diversos rituais macabros e de sacrifícios humanos em várias culturas ao redor do mundo, então a garota resolve jogar o jogo do copo com suas amigas em uma noite de eclipse para se comunicar com o seu pai falecido (duas vezes, morreu também ao desaparecer do roteiro do filme), e então o terror começa pra valer.

Embora Verônica seja bem melhor que Invocação do Mal 2, principalmente nos efeitos especiais, é impossível não notar o quanto eles também são exagerados (a criatura do filme parece mais um alienígena que um espírito), o filme tem todas as situações enfadonhas da franquia, o personagem misterioso que surge apenas para dar bronca e ajudar (a freira da escola, o visual pelo menos assusta mais do que a Valak de Invocação do Mal 2, uma pena não terem usado ela nas cenas de sustos), as decisões questionáveis (a menina embora seja assombrada constantemente, parece o tempo todo procurar ir atrás de todas as coisas misteriosas que acontecem na casa), as constantes tentativas de assustar que não dão certo (os pesadelos da garota começam eficientes, o primeiro deles lembra o ótimo terror Corrente do Mal, depois soam excessivos e pouco impactantes), os personagens que só fazem volume (as amigas, a própria mãe e o próprio pai da garota por exemplo), tudo contribui para a sensação de que já assistimos esse filme antes, a diferença é que aqui os personagens falam espanhol e não inglês, tem uma cena que a câmera roda tanto em círculos na tentativa de causar alguma tensão no público, já que a trama por si só não consegue, o que acaba causando mais irritação do que qualquer outra coisa, pra piorar os atores (a maioria deles atores mirins) não se esforçam para passar realismo (a cena do pesadelo em que praticam canibalismo é um dos principais momentos em que evidencia a fraca atuação), a atriz principal também não convence estar realmente atormentada ou mesmo precisando de ajuda em praticamente nenhuma cena do filme.

Nos momentos finais a obra quase acerta ao tenta colocar um pouco de dúvida na cabeça do público, mas acaba ficando algo deslocado, raso e vazio, pois o que vimos até então é a certeza de que a garota está sendo assombrada e perseguida por algo de outro mundo, em nenhum momento isso é questionado de forma eficaz, somente na cena final que acaba ficando fora de foco e muito pouco reflexiva, jogando a carga dramática no ralo ao apostar em ridículos flashbacks de algumas frases e atos estranhos praticados pela protagonista em vez de focar o encerramento na vida da adolescente sobrecarregada e abandonada e em seus conflitos internos como no fanatismo religioso ao qual ela poderia estar sendo sugestionada ou no abandono afetivo ao qual ela poderia estar passando, o final acaba não se revelando uma surpresa capaz de sustentar a obra e o filme acaba afundando de vez ao se contentar em ser apenas mais do mesmo ao se afogar em todos os clichês possíveis e personagens vazios em um drama de terror fraco, a sensação que fica é que faltou profundidade e principalmente originalidade.

É cinema espanhol, mas poderia ser qualquer outro filme de Hollywood se não fosse as músicas da ótima banda de rock espanhola "Héroes del Silencio", que embalam de forma promissora boa parte da acertada trilha sonora. Aliás, se tomou algum susto nesse filme, é tudo culpa dela.

Cotação:  ** (Regular)

Trailer

Bônus

Um dos pontos positivos do filme é sua trilha sonora, embalada pelo trabalho da banda "Héroes del Silencio", uma espécie de Legião Urbana da Espanha. Ouça abaixo uma das músicas que tocam: