Sabe aquele horário que você acorda nele toda madrugada? Para muitos é às 3 horas da manhã... Esse momento é chamado de Hora Morta. Dizem que nesse horário, um portal é aberto entre nosso mundo e o mundo sobrenatural. Nessa hora, que tipo de influência ocorre sobre a Terra? O que teria acesso ao nosso mundo: anjos, demônios, espíritos? Pensando na Teoria da Relatividade de Einstein, existiriam universos paralelos ou outras dimensões? Impossível afirmar com certeza... Porém, algo é certo: todas as vezes que acordar de madrugada, olhar no relógio e verificar que são 3 horas da manhã, você se lembrará deste livro e das personagens das lendas urbanas de Santos e de outros locais do Brasil.
Vanessa Ratton e Maria Valéria Rezende criaram a obra Encontros à hora morta (Florear Livros, 196 pp, R$ 49 - Ilustração: Alexandre Camanho).
A Fantasma do Paquetá é uma das lendas da cidade que está presente na obra. |
A obra lançada no último dia 31 de outubro (Dia das Bruxas) é composta por 13 contos e com ilustrações de Alexandre Camanho. A narrativa busca relacionar as lendas urbanas de Santos (SP) com a violência de gênero.
O livro investiga lendas urbanas da cidade litorânea e apresenta fantasmas de mulheres que foram assassinadas ou violentadas pela moral social e política da época dos crimes, com uma alusão inclusive à Patrícia Galvão, conhecida como Pagu, a primeira mulher presa política.
A obra traz também as histórias de horror do Navio Raul Soares, um lugar de tortura durante o regime militar brasileiro no Porto de Santos. Mas, não é só este o cenário. A cidade portuária é o cenário para a circulação das lendas dos 13 contos que estão no livro e que passeiam por lugares como a Santa Casa de Misericórdia, Paquetá e o Teatro Brás Cubas, além de trazer lendas mais contemporâneas e nacionais, como a da Loira de Banheiro.
O sobrenatural ajuda a dar rosto e voz a vítimas reais, vítimas violências diárias em diferentes momentos da História. “Foi escrevendo que percebi que havia um fio condutor invisível nas histórias de crimes macabros e desses fantasmas, a violência contra a mulher e essa era a ligação do sobrenatural com a história real que acontece no livro”, avalia Vanessa.
Sobre as autoras
Vanessa Ratton é jornalista, mestre em Comunicação pela PUC-SP, escritora e poeta. Integra o movimento nacional Mulherio das Letras desde 2017, sendo uma das articuladoras e organizadoras das coletâneas do grupo. É autora de ‘O ratinho que não gostava de queijo’, ‘Uma menina detetive e a máfia italiana’, ‘Nos mares do mundo’ e ‘E Quando a Lua é Cheia. Ratton nasceu em Santos (SP).
Maria Valéria Rezende nasceu em Santos (SP) e vive na Paraíba desde 1976. É uma das idealizadoras do Movimento Mulherio das Letras. Ganhou o Prêmio Jabuti, em 2009, com ‘No risco do caracol’ e, em 2013, com ‘Ouro dentro da cabeça’. Em 2015, foi a vencedora do Prêmio nas categorias romance e Livro do Ano de Ficção, com ‘Quarenta dias’. Em 2017, seu livro ‘Outros Cantos’ ficou em terceiro lugar no Prêmio Jabuti. Em 2020 foi finalista do Prêmio Jabuti com o romance ‘Carta à Rainha Louca’..
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