Necrópolis, seriado gaúcho brinca com o tabu da morte na Netflix

quarta-feira, 29 de maio de 2019

Necrópolis, seriado gaúcho brinca com o tabu da morte na Netflix


Muitas vezes, o ser humano precisa encarar seus maiores medos para seguir uma vida, no mínimo, digna. É o caso de um médico recém formado que se vê diante do aluguel vencendo e da falta de empregos em sua área de interesse. Ele aceita o emprego em um Instituto Médico-Legal (IML), embora tenha medo de cadáveres, tanto que até passa mal quando fica perto de um.

Este é apenas um dos dilemas irônicos vivido pelo médico Richard (vivido por Rafael Pimenta do grupo de humor Barbixas) em Necrópolis, seriado com produção e elenco gaúchos que estreou no fim de março no canal pago Prime Box Brazil e teve seus oito episódios disponibilizados na íntegra em abril no catálogo da plataforma Netflix.

Diretor da série, ao lado de Tiago Rezende, Gabriel Faccini destaca que a grande preocupação do enredo vai muito além dessa situação tragicômica:

— O que sempre nos interessa é a ideia de questionar a relação que a nossa sociedade tem com a morte; como não nos preparamos, coletivamente, para lidar com a efemeridade da vida.

De fato, o espectador é confrontado com diferentes nuances a respeito do assunto. Necrópolis acompanha a adaptação de Richard junto a funcionários do necrotério: o administrador Peterson (Eduardo Mendonça), médico que cria uma pequena amizade com o protagonista e tenta transformar o espaço em uma grande startup; a delegada Rita (Kaya Rodrigues), que cola em Richard buscando confiança em suas autópsias para alavancar sua carreira; e Elisa (Gabriela Poester), jovem que acordou dentro do IML na hora em que ia ter sua “morte” analisada.

Mesmo com personagens bem caricatos e de personalidades definidas, o grande conflito do enredo gira em torno do médico novato, que luta por dias melhores e pela conquista do amor próprio.

— Ele é uma figura vulnerável, um jovem adulto incompetente, frágil, que se sente um fracassado. Isso gera identificação, porque somos assim em algum ponto da nossa vida – acredita o ator Rafael Pimenta.

Outra preocupação do texto foi criar uma situação ficcional tendo o Brasil como cenário, por mais maluco e engraçado que fosse esse espelhamento:

– É inevitável que surjam tensionamentos a partir disso também, ainda mais em uma situação política tão bizarra como a que estamos vivendo. Não tem como não se deixar contaminar. Com retrocesso e repressão, a tendência é de que as produções artísticas se tornem mais combativas, não tem jeito – acredita Faccini.


Análise 

Adorei o seriado, são apenas oito episódios no total e cada um tem duração de aproximadamente vinte minutos, terminei tudo em apenas dois dias, o elenco é totalmente desconhecido do grande público e o seriado pode ser definido como uma mistura de The Office com Grey's Anatomy, só que incluindo muito humor negro junto.

A série foi toda filmada em Porto Alegre. Embora as atuações sejam caricatas algumas vezes, isso deixa tudo ainda mais engraçado, eu gostei muito do entrosamento do elenco, todos os atores parecem super à vontade em seus personagens e a caricatura acaba sendo muito bem vinda, já que o roteiro também é bem trash, porém as vezes é capaz de trazer alguns temais atuais de forma bem inteligente. Dei muita risada principalmente com a atuação do ator Eduardo Mendonça interpretando Peterson, o administrador do necrotério.

A produção deverá agradar bastante também quem curte terror, diversos episódios deixam espaço para um clima de mistério e existe lugar também para muitas lendas urbanas, como por exemplo, a lenda do chupacabra (Episódio 3: O Retorno do Chupacabra), alma penada (Episódio 5: Amor Além da Vida) e até a bizarra lenda da seita dos padres dos balões (Episódio 8: A Bíblia é um Livro Complexo). 

Já estou necessitado de uma segunda temporada.

Confira o trailer:

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