Horror Expo 2019 é a prova do crescente sucesso do mercado de terror nacional

quinta-feira, 24 de outubro de 2019

Horror Expo 2019 é a prova do crescente sucesso do mercado de terror nacional


Foi uma festa estranha com gente esquisita, mas que não dá pra negar o sucesso. A Horror Expo 2019 que rolou no Anhembi em São Paulo nos dias 18, 19 e 20 de outubro, atraiu muitos fãs do terror com inúmeras atividades que provam o quanto esse mercado tem crescido.

Entre estandes de autores independentes, estúdios de body paint, produtoras de cinema e boxes de quadrinhos os inúmeros artistas de cosplay circulavam evidenciando grande criatividade, deixando claro que a caracterização dos personagens é algo trabalhoso. Alguns cosplayers levam horas pra ficar prontos.

Na praça de alimentação Freddy Krueger, o maniaco de A Hora do Pesadelo e Jason Voorhees, assassino de Sexta-Feira 13 devoravam seus lanches, enquanto na fila do caixa Michael Myers, o psicopata de Halloween aguardava sua vez, claro segurando sua inseparável faca cortadora de gargantas.

E sem contar as inúmeras versões de Pennywise, o palhaço monstruoso de IT, que assustavam os distraídos. Todos no aguardo de participar dos concursos de Cosplay.

Os concursos foram só uma pequena parte da extensa programação que contou também com palestras de especialistas em efeitos especiais, bate-papo com pesquisadores paranormais e muitos shows de bandas bacanudas como Fúria Inc, Venomous e Therion.

Segundo um dos organizadores, o publicitário e músico Victor Piiroja, a Horror Expo surgiu a partir da percepção do potencial mercadológico do gênero terror que não era explorado da maneira como deve ser. “O horror é um gênero muito grande e daria pra criar um evento envolvendo música, quadrinhos e games. O Brasil tem carência de parques temáticos como teve no passado, diferente do mercado americano que tem Disney e Universal. A nossa ideia era uma feira de experiências, onde as pessoas encontrassem o melhor do que existe hoje no terror internacional, mas também dar uma vitrine do que tem de qualidade no Brasil. É um evento para a família do horror no nosso país, pois o gênero merece seu destaque”, afirma.

O publicitário acrescenta que foram três anos de trabalho brutal, onde sentiu na pele o que é ser um zumbi. “Foram horas e horas sem parar para desenvolver o evento e, ao mesmo tempo, virei um vampiro, pois não dava pra dormir. Mas o interessante é que existe um desafio mercadológico que é explicar para os patrocinadores porque criar um evento de horror. Sabemos que o gênero tem bilheterias enormes no cinema, quando se vê o lançamento de IT ou Stranger Things, na Netflix, que trazem o revival dos anos 80 e que desencadeia até o remake de Chuck, o Brinquedo Assassino. O potencial é grande e para o cinema é um mercado interessante porque não exige um investimento tão pesado. Não precisa ter atores tão famosos no gênero horror como em outros segmentos e assim desenvolver filmes com excelentes bilheterias. Sem contar que há potencial enorme nos games, na literatura, música. Então a ideia era congregar tudo isso num único evento”, atesta.

Entre os artistas internacionais destacava-se Derek Riggs, o criador de todas as capas do Iron Maiden, uma das maiores bandas de metal da história. Para trazer artistas e cineastas de fora Victor Piiroja sacramenta o trabalho enorme que deu. “Eu visitei as maiores feiras de horror do mundo pra pegar influências e trocar ideias com eles pra saber o que poderia ser realizado em nosso país. Os eventos lá fora são comuns, mas são menores. A Horror Expo em área útil é maior que os de fora, por incrível que pareça. Foi um desafio enorme e eu não queria fazer algo simples porque achava que o mercado merecia algo de peso para que fossemos levados à sério desde a primeira edição. Eventos de horror e cultura fantástica em Los Angeles levam 50 atores e esses atores moram lá. Não há custo alto de deslocamento, nem de cachê. Basicamente há atores que vivem de convenções porque vendem pautas e autógrafos. Para trazer esses caras aqui os cachês são altíssimos. Além disso, muitos atores têm medo do Brasil, por acharem violento. Realmente um desafio enorme”, diz Piiroja.

Fã da cultura pop ele alega a intenção de fazer algo diferente de todas as feiras nacionais sendo a única a reunir bandas renomadas internacionalmente. “Trouxemos o Therion, que mistura Heavy Metal sinfônico com quatro vocalistas. foi uma operação sofisticada com uma equipe de doze pessoas . Tivemos o Deathstars. E a minha banda de horror metal, a Alchemia, que abriu o show do Therion”, diz o publicitário e músico. Sobre o futuro Piiroja entrega que a próxima Horror Expo acontece. na primeira semana de outubro de 2020. Que venham monstros, sustos e gritos.


Shows

Deathstars, banda sueca de gothic metal tocou vários sucessos.

Uma das grandes atrações do evento foram os shows. Na sexta feira, o Deathstars fechou a noite retornando ao país após 9 anos de sua última passagem pelo país. O grupo levou uma boa quantidade de fãs ao palco e foi precedido pelos brasileiros do Secret Society. O High School veio da Coreia do Sul e, mostrando a diversidade do evento, apresentou para os presentes seu k-pop além de atender seus fãs ao longo dos três dias do evento. Já o Midnight Danger levou ao palco uma sonoridade retrô synthwave com forte que agradou os presentes. 

No domingo o Alchemia fez suas estreias no palco o grande destaque foi a apresentação do Therion que tocou, na íntegra, o disco “Theli” lançado em 1996. O grupo fez poucas apresentações esse ano e uma delas foi essa da Horror Expo. Além das músicas do álbum, o setlist contou com mais algumas canções de diversas fases da carreira da banda empolgando os presentes que foram ali para prestigiar a banda sueca.

High School, banda sul-coreana de k-pop se apresentou no evento.

A força do cinema independente nacional


Um dos estandes mais concorridos na Horror Expo 2019 foi da produtora capixaba Fábulas Negras de Rodrigo Aragão, cineasta autodidata, a Fábulas Negras já lançou cinco longas de baixo orçamento e que são verdadeiros clássicos “B”, muito cultuados por cinéfilos. Fácil ver o quanto Aragão é venerado, pois não parava de dar autógrafos e posar para fotos.

Sobre a importância de eventos como a Horror Expo alegou ser uma vitória não só para os realizadores, quanto para os fãs. “Os brasileiros sempre se sentiram muito órfãos desse tipo de evento que faz sucesso no mundo todo e poder fazer contato com quem assiste e produz é maravilhoso”, diz.

Fruto dos anos 80 e aficionado por filmes como “A Volta dos Mortos Vivos” e “Um Lobisomem Americano em Londres”, o capixaba de Guarapari começou a trabalhar profissionalmente com efeitos visuais em 1994, sendo que iniciou a produção do primeiro filme, “Mangue Negro” em 2005 com lançamento no mercado três anos depois. Na sequência Rodrigo Aragão produziu, dirigiu e lançou “A Noite do Chupa-cabra”, “Mar Negro”, “Fábulas Negras” e “Mata Negra”. Desses “Mar Negro” se destaca por mostrar a primeira baleia zumbi da história do cinema.

Para o ano que vem o cineasta prepara o lançamento do sexto longa, “O Cemitério das Almas Perdidas”, feito com orçamento bem mais polpudo que os demais na casa dos R$ 2.100.000,00.

“O Cemitério das Almas Perdidas” é um épico com muitos cenários, índios, bandeirantes, jesuítas e vampiros. É um filme que exigiu o trabalho de mais de 200 pessoas , bem maior que o orçamento dos outros. Para mim cinema de gênero é movido por paixão. “Mangue Negro” foi um filme feito por um grupo de amigos, com muita vontade de contar uma história. Acho que quando tem um orçamento maior se aumenta a escala do filme e a paixão tem que ser a mesma. A diferença de um grande orçamento é poder investir num bom equipamento, boas câmeras e pagar aos profissionais o que eles merecem. De poder trabalhar com dignidade.” filosofa Aragão.

Quando o orçamento é apertado e os recursos poucos Aragão e equipe utilizam materiais de baixo custo como esparadrapo, guache e algodão para causar os efeitos convincentes na tela. Sobre isso ele diz que a vida do cineasta brasileiro é bem mais difícil que a dos outros. “Como não temos muito mercado de material e pouca grana nos viramos com o que dá pra usar, principalmente a criatividade. Acho que hoje é muito importante trocar ideias, as pessoas se ajudarem. O importante é o que aparece na tela. Se o efeito tá convincente não importa se foi feito com algodão, cola, silicone ou 500 gramas. O que importa é o resultado final”, atesta Rodrigo Aragão.

Após anos de trabalho o diretor usou novamente a criatividade e fundou o Museu dos Monstros. Instalado em Guarapari - ES, onde estão expostas muitas das peças, cenários e personagens utilizados nos filmes.

“Como trabalhamos com muitos monstros, criaturas e cenários eu quis proporcionar ao público a oportunidade de ver esse trabalho que normalmente só se vê na tela, esse trabalho detrás das câmeras para as pessoas poderem ver ao vivo. Então hoje o Museu dos Monstros é um projeto que tá hoje no Espírito Santo, mas é feito pra rodar o Brasil. Espero estar em São Paulo no ano que vem completo com maquetes, cenários e tudo o mais, já que pra Horror Expo só trouxemos alguns personagens”, conclui Rodrigo Aragão.

De acordo com a organização, 12 mil pessoas passaram pelos 3 dias da primeira edição do evento.

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