Especial relembra os desafios da cobertura jornalística do caso ET de Varginha

terça-feira, 22 de outubro de 2019

Especial relembra os desafios da cobertura jornalística do caso ET de Varginha

No dia 20 de janeiro de 1996, o relato de três meninas mudou para sempre a história do pacato município do Sul de Minas.

Varginha, 20 de janeiro de 1996. Seria um dia normal na pacata cidade de 100 mil habitantes do Sul de Minas, mas o relato de três meninas mudou tudo. Elas disseram que viram um ser estranho, careca baixinho e de olhos vermelhos, que não parecia deste mundo. Do dia para a noite, pesquisadores e inúmeras testemunhas começaram a elaborar teorias sobre o "ET de Varginha".

No quarto dos cinco podcasts produzidos para relembrar coberturas marcantes durante os 40 anos da EPTV, jornalistas contam os bastidores e desafios de relatar o misterioso caso que transformou para sempre os rumos de um município até então conhecido pela produção de café.

Diretora do programa Revista da TV Rio Sul, afiliada da TV Globo em Resende (RJ), Tereza Freitas era produtora da EPTV Sul de Minas à época e relembra que, no começo, os jornalistas da emissora trataram o caso como brincadeira. Quando a notícia começou a se espalhar, muitos telespectadores ligaram tentando passar trotes e dando detalhes sobre a descrição do "ser misterioso".

"A gente achou que o povo de Varginha estava tendo uma histeria coletiva. Na redação, começaram a anotar no quadro de avisos a descrição do ser misterioso. Pessoas falavam que era peludo, outras gosmento, cada um aumentava um pontinho. De repente, eu lembro que tocou o telefone e era um editor do Fantástico e ele falou: estou indo para aí. Aí todo mundo pensou: é sério mesmo e já começaram encarar de uma outra maneira aquela notícia", conta.

Tereza revela ainda que morava no mesmo bairro onde as meninas teriam visto o ET. No final do dia, quando voltou pra casa, a então produtora foi até o local indicado pelas três garotas, mas não encontrou nada de diferente. "Era um terreno baldio, não tinha nada. Mas depois desse dia, além do relato da menina, surgiram outras histórias. Muitas pessoas ligavam na redação falando que viam luzes (...). As pessoas relataram também que tiveram contato com o ET no hospital em Varginha", afirma.

A jornalista Margarida Alacoque acompanhou o caso para um jornal impresso que tinha uma sucursal em Varginha. Ela conta que foi até a redação para apurar uma reportagem de chuva e quando ligou no Corpo de Bombeiros ela percebeu que algo diferente tinha acontecido na cidade. "Ele falou: olha, se for para falar de ET é melhor desligar. Ele já me despachou na hora", lembra.

Depois da reação do bombeiro, ela decidiu ir atrás da história e conseguiu contato com as três meninas que afirmaram ter visto o ET. Anos depois, ela fez outras reportagens e se espantou que as garotas nunca mudaram a versão.

"Eu me lembro que as pessoas faziam chacota, duvidavam, mas todo mundo comprava os jornais. Se tivesse matéria do ET na manchete, o jornal vendia tudo", diz.

Ouça o podcast na íntegra:

 

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