Coletânea Unay une quatro histórias de terror brasileiras através dos tempos

quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

Coletânea Unay une quatro histórias de terror brasileiras através dos tempos


Hoje, 30 de janeiro, é comemorado o Dia Nacional das Histórias em Quadrinhos. Para celebrar a data em grande estilo, resolvemos trazer para vocês uma coletânea incrível com histórias de terror, intitulada “Unay“, o projeto do autor Carlos F. Figueiras foi financiado no Catarse e lançado no final de 2018, reuniu quatro artistas, a trama é dividida em quatro histórias de terror que se passam em diferentes épocas e regiões do Brasil.

Desde o século 16 com a chegada de um grupo de incas ao Brasil, até um futuro próximo no Rio de Janeiro, passando por Minas Gerais no século 18 e São Paulo nos anos 80. Em cada uma das histórias o terror se manifesta de forma distinta, como algo misterioso, grotesco, psicológico ou fatalístico. Cada um dos medos, preconceitos, ódios e frustrações que vivemos como indivíduos, ou nos grupos dos quais fazemos parte, se manifestam, manifestaram e manifestarão de diferentes formas, basta darmos vazão a eles. Como poderá ver nestas histórias, o que nos separa de tudo isso é uma tênue linha. Uma linha que por vezes chamamos de consciência, segurança, razão ou,… ignorância.

Tudo começa no século 16, na época em que as Américas era dominada pelos índios e suas tradições, com suas crenças, costumes, e porque não, maldições, com matanças e muito sangue derramado, para o bem daquele povo. Com artes precisas, que demonstrasse total apreço ao roteiro, desenhado por Daniel Araujo, autor do livro infantil “Olivia e o papai”, mostrou com precisão cada quadro adaptando a história de Figueiras, mostrando um retrato realista, com expressões e traços peculiares de cada personagem apresentado na trama.

Já a segunda historieta se passa no século 19, ainda mais sanguinolenta com um enredo sobrenatural, repleta de aventura, ação e uma tenebrosa mulher que assombra e assola os capangas da fazenda que aterroriza os escravos que lá trabalham, protegendo-o e os amedrontando, dando espaço para a fuga.

A arte ficou por conta do João Miranda, da coletânea “Cidade de Deus 50 anos”, produzida pela Flupp (2017). Aonde João trouxe suas principais referências e fluídos para criar seus layouts, transpondo claramente o roteiro m forma de desenhos, um traços precisos e sombrios, assim como pede a trama.


Já a terceira narrativa, se passa no século 20, numa rotineira diário de uma viagem de metrô, em que Carlos brinca com seres imaginários da sua mente, e os usa para assombrar os tais personagens, transformando algo do cotidiano numa história de terror macabra, levando os passageiros a uma viagem além do ponto final, e mostrando o que realmente as pessoas pensam enquanto estão no transporte.

Os desenhos foram feitos por Erik Judson, um auto-didata, desenhista e arte-finalista, com um traço que remete um pouco os clássicos do terror das décadas de 70 e 80, além das influências das tirinhas do Rocker e alguns quadros de pop-art. Num tom umbrífero que se esconde nos contrastes de suas artes, entrando diretamente no inconsciente privativo de cada indivíduo.

E por fim, chegando ao século 21, essa história traz quatro tramas, de formas distintas que nunca se cruzam, mas que ao mesmo tempo tem algo em comum, como numa fase mundana em acompanhar pessoas aleatórias antes do apocalipse chegar, assim diz Carlos Figueiras no prefácio desta história, criando um “The Day After” aonde todos são personagens principais, mas cada um na sua trama, em que mistura decisões, perdas, ganhos, momentos singulares vivenciados pelas pessoas que são despercebidos por outras, fazendo com que apenas quem está sentindo, viva intensamente cada situação eminente.

A arte foi feita pela única garota do grupo, a brasiliense Crow Kid, que demonstrou com apreço e irradiou bravamente cada história com seus traços modernos, com muita expressão, para compôr a narrativa simples e repleta de sutileza.

Ao final, UNAY traz história diferentes, mas que acabam se alocando uma a outra, com tensão, profundidade e tenuidade em cada narrativa apresentada somada aos desenhos inigualáveis criados pelos artistas, cada um alinhando para seu traço, mas sem perder a essência, a originalidade e personalidade característica dos desenhistas e também, do autor, formando uma fusão inigualável de arte e texto.

E claro, não podemos deixar de falar da capa, feito pelo quadrinista PJ Kaiowá, em que remete ao inconsciente proeminente dos medos e aflições de cada pessoa descrita nas tramas, expressando de forma intrínseca em suas cores, além das sombras obscuras querendo captar a atmosfera, em forma tentáculos fúnebres atingindo à todos ao seu alcance.

Você pode entrar em contato com o autor e adquirir seu exemplar.

Fonte: O Barquinho Cultural

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