O livro ilustrado narra três histórias: A Árvore dos Segredos, A Lenda do Pássaro Azul e O Rei, as Capivaras e o Rio de Sangue. |
Rio Preto, sua cultura, lendas e fatos marcantes serviram de inspiração para histórias contadas no projeto O Teatro de Lendas, do publicitário Felipe Moreno, contemplado no Prêmio Nelson Seixas, da Secretaria Municipal de Cultura, na categoria Artes Visuais, que começou sua circulação em dezembro.
O livro ilustrado foi uma ideia de Felipe com o amigo Guilherme Monteiro. A ideia inicial era retratar lendas urbanas da cidade de forma ilustrada, mas, conforme o projeto foi amadurecendo, eles acharam mais interessante criar lendas inspiradas em pontos e características marcantes de Rio Preto.
"Busquei inspiração em lugares clássicos de Rio Preto, na fauna e na flora oriundas da cidade e também coletei e ouvi diversas lendas e histórias urbanas. Tem muita história boa nos arredores, foi difícil reduzir tudo a apenas três lendas, gostaria de ter feito muito mais", conta Felipe.
O livro ilustrado narra três histórias: A Árvore dos Segredos, A Lenda do Pássaro Azul e O Rei, as Capivaras e o Rio de Sangue. A primeira retrata questões ambientais e narra um pouco da história e características de Rio Preto, com o foco maior em nossa vegetação e animais, com uma leve crítica ao desmatamento e às queimadas, revela Felipe.
Já A Lenda do Pássaro Azul é a versão de Felipe de uma história conhecida na cidade, a dos desbravadores que ficaram perdidos na mata e só conseguiram retornar para o acampamento após receberem a ajuda de um pássaro azul misterioso.
"Por ser tão famosa aqui, decidi que não podia deixar de fora, então apenas criei uma visão mais pessoal em cima dessa lenda e dei uma nova cara para a história, que ficou mais subjetiva que a original", explica.
O livro se encerra com O Rei, as Capivaras e o Rio de Sangue. A preferida do autor, essa também é a história que, segundo ele, tem o tom mais obscuro. Ela fala sobre o rio Preto e uma teoria sobre o surgimento do sistema de esgoto e a represa municipal, além das capivaras, figuras marcantes de Rio Preto.
Para a construção de cada um dos textos, Felipe realizou uma pesquisa extensa que acabou o surpreendendo. "No princípio, achei que fosse ter mais dificuldade, mas, conforme fui pesquisando e coletando referências, as histórias foram saindo aos montes. Fiquei surpreso com a riqueza da nossa região quanto ao folclore. Cada lugar que você pergunta tem uma história ou caso diferente. Criei e rascunhei tantas ideias que, no fim das contas, o mais difícil foi decidir qual história usar", afirma.
O trabalho foi tão prazeroso que Felipe não descarta, no futuro, fazer uma continuação do projeto.
Ilustração
Além de escrever as lendas, Felipe também foi o responsável pela ilustração do projeto, um trabalho que se mostrou mais fácil que o esperado por conta da imersão nas histórias, mesmo que o estilo escolhido para o trabalho fugisse do seu estilo habitual.
"Como já havia escrito as histórias, fazer os desenhos foi trabalho. Já tinha tudo em mente. Pude colocar no papel tudo exatamente como imaginei. Tentei, nesse projeto em específico, fazer uma arte mais voltada para o 'cartoon', ao estilo infantil, estilos fora do que geração costumo fazer. Mas, por estar tão imerso no trabalho, isso não foi um empecilho. Os desenhos ficaram prontos em menos de uma semana."
Referências
Desde o início do projeto, as principais referências de Felipe tanto no texto quanto na ilustração foram os diretores Tim Burton e Guillermo del Toro. "Além de serem grandes influências desde sempre em minha arte, gosto do tom e da forma que eles contam suas histórias. Apesar de ter um lado infantil e, aparentemente, até 'bobo', também há um lado sombrio e cheio de segundas interpretações. Foi isso que tentei passar nas lendas."
Oficinas nas escolas e na Biblioteca Municipal
A contemplação do projeto pelo Prêmio Nelson Seixas prevê a entrega dos livros em escolas e na Biblioteca Municipal, além da distribuição de uma parte para o público. O projeto ainda conta com uma oficina para ensinar crianças e adolescentes a produzir um livro pop-up em casa, contando suas próprias lendas e histórias. "A ideia é mostrar como fazer isso de em casa, de forma simples e sem, necessariamente, o uso de um computador, impressor, etc.", afirma Felipe.
Segundo ele, a ideia, desde sempre, é tocar as pessoas de algum modo. "Assim como os livros, desenhos e HQs mudaram minha vida e me acompanharam pelas mais diversas fases que passei, se eu conseguir com O Teatro de Lendas fazer o mesmo com alguém, mesmo que seja em uma escala bem menor, já considero missão cumprida."
As visitas nas escolas acontecem até 21 de dezembro.
Gostaria de saber como é possível adquirir o livro. Obrigada.
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