Sereias filhas de índios, pássaro que se transforma em saci, romances indígenas e histórias de disputas por ouro. Essas são algumas das lendas que permeiam o litoral paranaense e intrigam veranistas e moradores locais. Boa parte desses contos pode ser conferida no livro Lendas e contos populares do Paraná, publicado pela Secretaria de Estado da Cultura e coordenado pelo historiador Renato Augusto Carneiro Jr.
Confira abaixo 10 lendas do litoral paranaense:
Sereias – Ilha do Mel
De acordo com a lenda, as mulheres-peixe que encantam pescadores rumo à morte ficam na Gruta das Encantadas, na Ilha do Mel. A versão mais comum é a de que o grupo de sereias é formado pelas sete filhas dos índios Jurema e Cauã. O pai feiticeiro de Jurema amaldiçoou as moças, que ganharam rabo de peixe por causa da maldição.
As tais "Encantadas" eram tidas como sombrias e assustadoras e apesar da beleza se mostravam perigosas, principalmente para os marujos. Mas dentre estes casos, um chamou a atenção de toda a Ilha. O Amor vivido entre um pescador e uma jovem sereia. Um lindo conto envolvendo paixão e mistério.
Saci Caiçara – Morretes
De dia ele é o pássaro Fin-Fin, mas à noite é o Saci Caiçara, menino de uma perna só que assusta quem vaga pela noite. Uma das versões da lenda garante que as principais vítimas do garoto de gorro vermelho são os cachorros. Recomenda-se prudência noa passeios noturnos. Reza a lenda que, em caso de ataque, o animal deve ser benzido e lavado com água e sal.
Nossa Senhora do Rocio – Paranaguá
A Padroeira do Paraná teria aparecido em Paranaguá no século 17, quando um pescador puxou em sua rede a imagem da Virgem. Apontada como responsável por salvar o litoral de pestes em 1896 e 1900, a santa também teria livrado a região da gripe espanhola em 1918. Conta-se também que várias vezes se tentou levar a imagem de Nossa Senhora do Rocio para a matriz, mas ela retornava para a casa do pescador que a teria encontrado.
Negão do Caixão – Morretes
Para quem não ficou milionário após o sorteio da Mega Sena, uma alternativa é encontrar o Negão do Caixão, na Serra do Mar. Segundo a lenda, a alma do homem perambula na região com um baú cheio de ouro – tesouro esquecido por seu senhorio numa cova aberta. O Negão entregaria o ouro a quem aceitasse uma tarefa sugerida por ele. O que pede é tão difícil que já teria afastado centenas de “sortudos”.
A lenda baseia-se no fato de que nos anos que a Villa de Morretes era habitada por mineradores, estes tinham por habita marcar o local onde era enterrado o baú, repleto de ouro, com uma cova de um escravo assassinado para este fim. Em uma destas covas, localizada na região de Barreiros (Morretes), o senhorio não retornou para buscar o tesouro, forçando a alma do escravo morto a guardar e carregar o baú pela eternidade.
Dizem, os mais antigos moradores da região, que a alma penada do pobre escravo perambula, em noite escura, a procura de alguém que lhe tire este fardo das costas. Caso alguém se depare com o "negão do caixão" não deve se assustar e sim, perguntar "o que você tem nesse baú?" Ele afirmará que esta repleto de ouro e que pode ser seu, mas para tanto, deverá vencer um sacrifício imposto por ele.
Há histórias de pessoas que recusaram a fortuna, pois se o sacrifício não for cumprido, o “fulano” ficará carregando o baú pela eternidade ou se a pessoa que conseguir cumprir esta etapa e ganhar o tesouro e não gastá-lo todo, ainda em vida, também passará a eternidade como o guardião do baú, carregando o pesado fardo nas costas, como alma penada.
O Homem de Branco – Matinhos
A pena por roubar índios, no Litoral do Paraná, foi perpétua para “O Homem de Branco”. Colonizador, ele teria se tornado amigo dos nativos em busca do ouro da região e teria morrido envenenado após ingerir uma bebida oferecida pelos índios. A morte, porém, não foi pouco: até hoje, o tal homem perambula pelas ruas de Matinhos, assombrando a cidade.
O Carona da Bicicleta – Matinhos
Para ciclistas, a região próxima à caixa d’água de Caiobá, na via que vai para a Prainha e Guaratuba, pode não ser das mais seguras. Pelo menos para quem acreditar que um fantasma pede garupa a quem passa por ali. Pelo sim e pelo não, os conhecedores da lenda preferem evitar tal gentileza nessa região.
A Serpente da Figueira- Matinhos
Há muitos anos atrás no canal do Milone (mil homens) no bairro Tabuleiro, existia um pé de figueira, na qual vivia uma serpente; era o caminho que as pessoas usavam para ir ao balneário Caiobá. Segundo contam, a serpente não deixava ninguém passar, assombrando-as. Hoje a figueira não existe mais, mas as pessoas contam que a serpente continua assombrando os moradores.
Itacunhatã e Jurecê – Guaratuba
Nem só de enredos de terror vivem as lendas. A mais bela história de amor do litoral paranaense teria sido vivida pelos índios Itacunhatã e Jurecê. Reza a lenda que a jovem teria caído do alto do Morro de Cristo e que o índio guerreiro morreu ao tentar salvá-la. O mar, então, arrependeu-se e tentou devolvê-la à vida. Mas, sem Itacunhatã, foi impossível. A rocha que forma o morro leva o nome de Itacunhatã.
A Canoa Encantada- Paranaguá
“Estávamos pescando ali perto da Ilha da Garça.
Depois de umas horas ali, começou a chover muito. Não conseguimos esconder bem nossos isqueiros e carteiras de cigarro, que molharam. A noite chegou. Tendo salvo alguns cigarros, resolvemos olhar em volta em busca de algum barco. Era uma noite clara, de lua quase cheia.
Percebemos então, a uns 100 metros, mais para o lado do meio da baía, um pessoal com uma batera, com a luz acessa, conversando e puxando rede. Deduzimos que tivessem fósforos ou alguma coisa para acender nossos cigarros.
Rapidamente levantamos âncora e fomos na direção deles. Mas quando chegamos perto não vimos mais barco algum, não vimos ninguém. Demos a volta na ilha, buscamos na baía e nada. Simplesmente desapareceu a batera. A ilha é pequenina, mas a batera tinha sumido.
Meu companheiro assustado disse: - Isso é coisa do além.
E mais do que depressa, nos dirigimos em direção da cidade com o medo estampado nos rostos.”
Escravos da Igreja São Benedito- Antonina
A igreja de Antonina foi construída por escravos e recebe o nome justamente em nome de seu santo protetor. Durante sua construção, vários escravos acabavam morrendo por terem que levantar pedras da parede com suas próprias mão. Eles eram sepultados na parede da própria igreja, por isso, diz a lenda que eles ainda podem ser vistos vagando pelo local.
Adorei
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