O causo da lebre disciplinadora pascoal é comum no interior de Santa Catarina. Pois ela representa o lado obscuro do Coelhinho da Páscoa. Reza a lenda que a lebre observa as crianças que são travessas. Deste jeito, no domingo pascoal, em vez de chocolates ela dá castigos para os desobedientes. Como exemplos: arrancar os dentes da frente de uma criança que não quer escová-los.
A maioria das pessoas conhece o Coelhinho da Páscoa, que veio da tradição Alemã. Reza a lenda que, naquele país, uma mulher pobre coloriu ovos de galinhas e os escondeu no mato para dar aos filhos. Então na hora da brincadeira de achar os ovinhos, passou um coelho bem no momento em que as crianças encontraram a surpresa. Assim o orelhudo ficou com fama de colocar ovos de Páscoa. Mas dizem que debaixo da sombra de uma árvore havia uma lebre escura observando o comportamento das crianças.
Uma vez a minha vó Lena, morada de uma região rural chamada Butiá do Lajeado, localizada na cidade de Mafra em Santa Catarina, contou-me o seguinte causo:
Há muitos anos, num lugar chamado Butiá de Santa Rita, existia um moleque chamado Quincas que não gostava de escovar os dentes. Um dia sua mãe disse:
– Se você não quer escovar os dentes, a lebre disciplinadora vai arranca-los no domingo de Páscoa em vez do coelhinho dar chocolates.
Desta maneira, no domingo de Páscoa daquele ano, Quincas levantou-se e olhou debaixo da sua cama. Porém ninguém tinha colocado chocolate na sua cesta. Quando este garoto foi lavar o rosto, se olhou no espelho e viu que estava sem os dentes da frente. Deste jeito, o menino começou a chorar e sua família afirmou que aquilo tinha sido obra da Lebre Disciplinadora da Páscoa.
Naquela região não havia dentista, mas tinha um barbeiro que entedia de dentes. Por isto, a mãe de Quincas, levou o seu filho para ser atendido por este homem. Lá o barbeiro explicou que, no fundo, foram os dois dentes-de-leite da frente que caíram ao mesmo tempo. Porém, para que novos dentes nascessem, este rapaz pediu que o menino passasse a escovar a sua boca depois das refeições e jogasse duas pedrinhas brancas no telhado, falando a seguinte frase:
– Coelhinho, coelhão…
– Traga-me um dente bem bonitão
– Minha disciplinadora lebre,
– Traga-me dois dentes breve.
Causo contado por Luciana do Rocio Mallon
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