Sinopse
Algo apavorante está rondando os adolescentes de um subúrbio de Detroit. A bela Jay, de 19 anos, não parece perceber: ela aproveita o outono ao lado de sua irmã Kelly, de seus amigos de escola e de seu novo namorado, Hugh, com quem faz sexo pela primeira vez. Após o ato, porém, ela não consegue evitar a sensação de que alguém – ou algo – está seguindo todos os seus passos. À medida que a ameaça torna-se mais real, Jay e seus amigos descobrem que ela se tornou o principal alvo de uma força macabra e inexplicável.
Título Original: It Follows
Ano: 2014
País: EUA
Gênero: Terror
Duração: 101 min.
Direção: David Robert Mitchell
Roteiro: David Robert Mitchell
Produção: Rebecca Green, David Kaplan, Erik Rommesmo, Laura D. Smith
Elenco: Maika Monroe, Keir Gilchrist, Olivia Luccardi, Carollette Phillips, Loren Bass, Lili Sepe, Jake Weary, Daniel Zovatto, Debbie WilliamsRuby Harris, Linda Boston, Leisa Pulido
Classificação Indicativa: 14 anos
Curiosidades
- O filme faz alusão a problemas enfrentados pelos adolescentes, por meio de adereços. Isto é visto quando Jay é alinha as lâminas de grama em sua perna superior (corte / suicídio). Bem como uma bandeja de alimentos no quarto de Jay, onde há um comprimido ao lado de um guardanapo, e, mais tarde, é o único item ausente do utensílio (dependência de drogas).
- O filme é inspirado em diversos clássicos do terror dos anos 60 aos anos 80, especialmente o longa-metragem "Halloween - A Noite do Terror", existem referências a produções como A Hora do Pesadelo, Sexta Feira 13 e também é possível encontrar cenas que remetem a filmes de terror japoneses como Ringu (que deu origem a franquia americana "O Chamado") e O Grito.
- O filme foi filmado em Detroit (EUA).
- Estreou em Cannes em 2014 e conseguiu grande aprovação do público e da crítica do festival
- O diretor David Robert Mitchell relatou em uma entrevista que o "monstro do filme" poderia embarcar até mesmo em um avião, para perseguir a pessoa amaldiçoada.
- Corrente do Mal venceu os prêmios de Melhor Filme e Roteiro no Austin Fantastic Fest 2014, dedicado ao cinema fantástico
- Corrente do Mal venceu os prêmios de Melhor Filme e Roteiro no Austin Fantastic Fest 2014, dedicado ao cinema fantástico
- Detroit, a cidade onde se passa o filme, foi afetada por uma grave crise econômica, isso explica os cenários de ruínas e destruição visto em algumas cenas do filme. Mais de 1/3 dos prédios da cidade se encontram atualmente abandonados.
Crítica
A assombração de uma sociedade em decadência
Na abertura do filme Corrente do Mal já percebemos que não é um simples blockbuster de terror igual estamos acostumados a ver, essa obra é uma produção indie de baixo orçamento diferente de tudo o que já foi feito antes, logo na cena inicial vemos uma menina fugindo de algo que a persegue, porém diferente do que esperamos o filme não tem a menor preocupação em nos assustar e muito menos em revelar do que ela está fugindo, cortando de forma brusca para o desfecho da cena, uma cena trágica e cruel nas areias de uma bela praia dá início ao filme.
Quando o filme começa somos surpreendidos novamente, o filme prefere deixar o som bem baixo (o que é uma estranha e arriscada ousadia para um filme de terror), para focar em uma grande tensão que dá super certo e vai aumentando conforme o filme avança, essa tensão é ininterrupta e cruel, consegue facilmente fazer os telespectadores praticamente implorarem para não serem assustados em quase todas as cenas e isso só termina quando sobem os créditos finais.
Todos os atores desse filme são praticamente novatos e por incrível que pareça atuam muito melhor do que os veteranos das grandes produções de terror que estamos acostumados a ver, fazia tempo que não víamos filmes de terror com atuação tão marcantes capazes de nos transportar para a tensão com imensa facilidade, a todo o momento torcemos pelos personagens. A fotografia do filme contribuí muito para isso alternando ângulos abertos e fechados, passamos a ser uma espécie de "segurança" dos protagonistas da história e nos cenários abertos somos convidados a observar a paisagem ao redor dos personagens o tempo todo e sentimos grande tensão quando notamos algo estranho supostamente acontecendo, já nos cenários fechados nos sentimos encurralados, como se não tivesse para onde fugir em casa de um ataque iminente do "monstro" do filme.
E o que dizer da trilha sonora? Um show a parte e ela contribui para nos deixar roendo as unhas o filme inteiro, assim como o clássico tema da franquia Halloween que ficou marcado até hoje na mente de todos os apaixonados pela sétima arte, essa trilha é totalmente inspirada em Halloween, com um tema memorável e agonizante e que nos remete instantaneamente a todos os momentos de terror que viveremos nesse filme.
Agora você deve estar perguntando...e o monstro do filme? O monstro do filme é maravilhosamente bem feito, em nenhum momento a criatura não fica ameaçadora, esquecemos completamente que esse é um filme de baixo orçamento pois os efeitos especiais ficam incrivelmente verossímeis, ganhando facilmente de qualquer uma dessas produções de terror de grande orçamento excessivamente digitalizadas.
O filme também é uma clara homenagem ao cinema de terror de décadas passadas, mesmo sendo um filme que aparentemente se passa nos dias atuais, vemos elementos antigos nas cenas mostrando que não estão marcando presença por acaso, o design de produção misturou objetos antigos contracenando com as modernidades dos dias atuais, o que a princípio pode soar estranho, também pode ser uma clara referência aos filmes de terror antigos marcando presença no cinema de terror atual, uma delas é uma clara referência ao clássico terror japonês Ringu (que deu origem a franquia americana O Chamado, nesse filme antigo a moça começa a olhar preocupada (com medo de que alguém estivesse vendo a fita amaldiçoada da Samara) no que as pessoas estão assistindo na TV dos apartamentos dos prédios, então ela vê empregadas domésticas trabalhando, famílias unidas, crianças vendo desenhos e aqui nesse "Corrente do Mal" vemos olhares idênticos nas janelas, só que aqui são janelas de quartos do hospital onde a menina está internada, o foco é elevar ainda mais nossa agonia e nos fazer procurar se não tem ninguém andando de forma diferenciada pelos quartos, nos fazendo procurar o "monstro" do filme ao mesmo tempo que contemplamos cenas de união familiar, o trabalho dos funcionários, pacientes internados e toda a depressão e felicidade oculta daquele ambiente. Essas referências emocionantes, curtas e minimalistas com leves referências a filmes antigos estão presentes também em vários outros momentos da trama.
Outra coisa curiosa é reparar a volta das cenas de nudez que estavam esquecidas nos filmes de terror recentes e sempre foram tão comuns nos filmes de terror antigos, porém de forma totalmente inovadora, enquanto que nessas produções antigas a nudez tinha uma simbologia sexual, nesse filme vemos a nudez sendo usada apenas para assustar e impressionar o público, enquanto que as cenas de sexo são todas cobertas, angustiantes e depressivas, uma clara crítica ao conservadorismo crescente da sociedade americana.
Quando a luz acende a sensação que fica é que vimos um filme angustiante, tenso e ao mesmo tempo incômodo, porém está longe de ser um drama, o gênero é mesmo 100% terror, o filme tem vários temas polêmicos em suas entrelinhas e que rendem um bom tempo de discussão, se pensarmos duas vezes perceberemos que temas como: Aids, drogas, crise econômica, abandono familiar, estupro, conservadorismo, depressão, amadurecimento,... estão todos escondido lá. A cena dos segundos finais do filme é usada para fechar com chave de ouro esses temas apresentados nas entrelinhas da obra, o último diálogo de "Corrente do Mal" joga explicitamente para nós outro tema polêmico e isso nos faz finalmente entender o que representa o vilão do filme. E tem coisa mais assustadora do que terminar de assistir um filme de terror e descobrir que o "monstro" está lá fora nos esperando?
Esse é um daqueles filmes que fica um bom tempo em nossa mente, creio que nos deparamos com um futuro clássico, capaz de se igualar e até mesmo superar os filmes de terror que hoje cultuamos como referências, ainda precisa dizer que esse vai ser o melhor filme de terror do ano?
Cotação: ***** (Excelente)
Trailer
Bônus
Confira uma trilha de terror que as pessoas irão se lembrar no futuro:
Na abertura do filme Corrente do Mal já percebemos que não é um simples blockbuster de terror igual estamos acostumados a ver, essa obra é uma produção indie de baixo orçamento diferente de tudo o que já foi feito antes, logo na cena inicial vemos uma menina fugindo de algo que a persegue, porém diferente do que esperamos o filme não tem a menor preocupação em nos assustar e muito menos em revelar do que ela está fugindo, cortando de forma brusca para o desfecho da cena, uma cena trágica e cruel nas areias de uma bela praia dá início ao filme.
Quando o filme começa somos surpreendidos novamente, o filme prefere deixar o som bem baixo (o que é uma estranha e arriscada ousadia para um filme de terror), para focar em uma grande tensão que dá super certo e vai aumentando conforme o filme avança, essa tensão é ininterrupta e cruel, consegue facilmente fazer os telespectadores praticamente implorarem para não serem assustados em quase todas as cenas e isso só termina quando sobem os créditos finais.
Todos os atores desse filme são praticamente novatos e por incrível que pareça atuam muito melhor do que os veteranos das grandes produções de terror que estamos acostumados a ver, fazia tempo que não víamos filmes de terror com atuação tão marcantes capazes de nos transportar para a tensão com imensa facilidade, a todo o momento torcemos pelos personagens. A fotografia do filme contribuí muito para isso alternando ângulos abertos e fechados, passamos a ser uma espécie de "segurança" dos protagonistas da história e nos cenários abertos somos convidados a observar a paisagem ao redor dos personagens o tempo todo e sentimos grande tensão quando notamos algo estranho supostamente acontecendo, já nos cenários fechados nos sentimos encurralados, como se não tivesse para onde fugir em casa de um ataque iminente do "monstro" do filme.
E o que dizer da trilha sonora? Um show a parte e ela contribui para nos deixar roendo as unhas o filme inteiro, assim como o clássico tema da franquia Halloween que ficou marcado até hoje na mente de todos os apaixonados pela sétima arte, essa trilha é totalmente inspirada em Halloween, com um tema memorável e agonizante e que nos remete instantaneamente a todos os momentos de terror que viveremos nesse filme.
Agora você deve estar perguntando...e o monstro do filme? O monstro do filme é maravilhosamente bem feito, em nenhum momento a criatura não fica ameaçadora, esquecemos completamente que esse é um filme de baixo orçamento pois os efeitos especiais ficam incrivelmente verossímeis, ganhando facilmente de qualquer uma dessas produções de terror de grande orçamento excessivamente digitalizadas.
O filme também é uma clara homenagem ao cinema de terror de décadas passadas, mesmo sendo um filme que aparentemente se passa nos dias atuais, vemos elementos antigos nas cenas mostrando que não estão marcando presença por acaso, o design de produção misturou objetos antigos contracenando com as modernidades dos dias atuais, o que a princípio pode soar estranho, também pode ser uma clara referência aos filmes de terror antigos marcando presença no cinema de terror atual, uma delas é uma clara referência ao clássico terror japonês Ringu (que deu origem a franquia americana O Chamado, nesse filme antigo a moça começa a olhar preocupada (com medo de que alguém estivesse vendo a fita amaldiçoada da Samara) no que as pessoas estão assistindo na TV dos apartamentos dos prédios, então ela vê empregadas domésticas trabalhando, famílias unidas, crianças vendo desenhos e aqui nesse "Corrente do Mal" vemos olhares idênticos nas janelas, só que aqui são janelas de quartos do hospital onde a menina está internada, o foco é elevar ainda mais nossa agonia e nos fazer procurar se não tem ninguém andando de forma diferenciada pelos quartos, nos fazendo procurar o "monstro" do filme ao mesmo tempo que contemplamos cenas de união familiar, o trabalho dos funcionários, pacientes internados e toda a depressão e felicidade oculta daquele ambiente. Essas referências emocionantes, curtas e minimalistas com leves referências a filmes antigos estão presentes também em vários outros momentos da trama.
Outra coisa curiosa é reparar a volta das cenas de nudez que estavam esquecidas nos filmes de terror recentes e sempre foram tão comuns nos filmes de terror antigos, porém de forma totalmente inovadora, enquanto que nessas produções antigas a nudez tinha uma simbologia sexual, nesse filme vemos a nudez sendo usada apenas para assustar e impressionar o público, enquanto que as cenas de sexo são todas cobertas, angustiantes e depressivas, uma clara crítica ao conservadorismo crescente da sociedade americana.
Quando a luz acende a sensação que fica é que vimos um filme angustiante, tenso e ao mesmo tempo incômodo, porém está longe de ser um drama, o gênero é mesmo 100% terror, o filme tem vários temas polêmicos em suas entrelinhas e que rendem um bom tempo de discussão, se pensarmos duas vezes perceberemos que temas como: Aids, drogas, crise econômica, abandono familiar, estupro, conservadorismo, depressão, amadurecimento,... estão todos escondido lá. A cena dos segundos finais do filme é usada para fechar com chave de ouro esses temas apresentados nas entrelinhas da obra, o último diálogo de "Corrente do Mal" joga explicitamente para nós outro tema polêmico e isso nos faz finalmente entender o que representa o vilão do filme. E tem coisa mais assustadora do que terminar de assistir um filme de terror e descobrir que o "monstro" está lá fora nos esperando?
Esse é um daqueles filmes que fica um bom tempo em nossa mente, creio que nos deparamos com um futuro clássico, capaz de se igualar e até mesmo superar os filmes de terror que hoje cultuamos como referências, ainda precisa dizer que esse vai ser o melhor filme de terror do ano?
Cotação: ***** (Excelente)
Trailer
Bônus
Confira uma trilha de terror que as pessoas irão se lembrar no futuro:
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