Lendas de Goiás

terça-feira, 16 de junho de 2015

Lendas de Goiás


O folclore goiano é muito rico em lendas, contos, danças, festas populares, folguedos e personagens folclóricos. A cultura popular em Goiás é valorizada e mantida, principalmente, através das tradições e literatura oral nas áreas interiores do estado.

O folclore goiano apresenta uma rica e bela mistura das culturas dos diversos povos que formaram a população brasileira (portugueses, índios e negros). Aspectos religiosos (principalmente católicos), tradições populares e elementos simbólicos destas diversas culturas se fundiram a imagem e ao espírito criativo do povo goiano para compor o folclore de Goiás. 

Confira algumas das principais lendas do Estado:


A Lenda da Tereza Bicuda



Em Jaraguá existia uma negra muito má e muito feia, com uma boca que parecia um bico que vivia maltratando a mãe e fazendo outras maldades. “Um dia ela colocou arreios na mãe e saiu pela Rua das Flores galopando. A velha morreu e jogou uma praga na filha. Após um tempo, Tereza morreu e foi enterrada no interior da Igreja do Rosário. 

Durante a noite, houve uma ventania terrível e Tereza amanheceu fora da cova. Enterraram-na, então, do lado de fora da igreja e aconteceu a mesma coisa: no dia seguinte, ela apareceu fora da sepultura”, contou Jordana Barbosa, que fez um documentário sobre a lenda. Assustados, os moradores da cidade jogaram o corpo da negra na Serra de Jaraguá. Onde ela foi deixada, nasceu um pé de caju de cabeça para baixo, e quem visita a serra é atacado por marimbondos. 

Diz a lenda que, em dias de ventania, ela assombra a Rua das Flores e aterroriza os moradores que se aventurarem para fora de suas casas.


A Lenda do Romãozinho


A versão goiana do Saci, o Romãozinho, é um espírito malvado que aparece sob a forma de uma criança feia e deformada que vem para fazer travessuras e gerar o caos. 

O menino, filho de um humilde agricultor, mesmo quando era apenas um bebê, já demonstrava sinais de ruindade extrema. Dizem que antes mesmo de aprender a falar, Romãozinho mordia quem colocasse a mão em seu rosto assim como mordia o peito de sua mãe, quando está tinha que o amamentar. Já maior, na infância, sempre gostou de maltratar os animais, destruir plantas e prejudicar as pessoas.

Certa vez, sua pobre mãe mandou-o levar o almoço ao pai, que trabalhava longe de casa, na roça. Ele foi de má-vontade (nunca foi de seu feitio fazer nada que não ganhasse algo em troca). No meio do caminho, ele comeu a galinha que era destinada a ser o almoço de seu pai, colocou os ossos na marmita e levou-a assim mesmo. Quando o pai viu só ossos ao invés da galinha assada, ele perguntou o que aquilo significava. Romãozinho, maldosamente, disse: “Deram a mim a comida já assim … Eu penso que minha mamãe comeu a galinha com o homem que vai sempre a nossa casa quando o senhor sai para trabalhar, e enviou-lhe somente os ossos como deboche do senhor”.

Enlouquecido de fúria e ódio, o homem voltou correndo para casa, não deu nem ao menos tempo para a mulher desmentir o filho, puxou o punhal e a matou ali mesmo. E Romãozinho, mesmo testemunhando a morte da mãe não desmentiu o que havia falado para o pai. E enquanto a mãe agonizava no chão, o menino ainda ria dela e de como havia sido esperto enganando a todos. Mas antes de morrer, a mãe amaldiçoou o filho, dizendo: “Você não morrerá nunca! Você não conhecerá o céu ou o inferno, nem repousará enquanto existir um vivente sobre a terra! Seu tormento será eterno”!

Romãozinho não se intimidou, riu mais uma vez ante a maldição e foi embora. Vendo o mal que havia feito e de como tinha sido enganado, o pai se suicidou. Desde esse dia o menino nunca mais cresceu, e dizem os populares que ele costuma andar pelas estradas e fazer travessuras com os coitados que possuem o azar de cruzar com ele. Tem por hábito quebrar as telhas das casas a pedradas, assustar os homens e torturar as galinhas.

Mas algumas pessoas também atribuem a ele coisas boas. Há uma história que diz que uma mulher grávida estava sozinha quando entrou em trabalho de parto, e no desespero chamou por Romãozinho, e este atendeu ao chamado, foi à casa da parteira que depenava uma galinha. Conta a mulher que a galinha de repente saiu da sua mão voando. A parteira saiu correndo atrás e a galinha foi jogada na casa da mulher que estava em trabalho de parto (Até para fazer o bem, Romãozinho tortura).

A lenda do Romãozinho é bastante conhecida no leste da Bahia, em toda Goiás, parte do Mato Grosso e também no Maranhão.Conta-se que os primeiros relatos desse mito são do distrito de Boa Sorte, município de Pedro Afonso, em Goiás, que faz fronteira com o Maranhão, e dataria do século XX.

Existem diversas versões sobre a história de Romãozinho. Em algumas ele teria matado o pai de susto, já em outras, sua mãe teria vivido e amaldiçoado o filho posteriormente a morte do pai. Existe ainda uma versão em que dizem que o menino também vira uma tocha de fogo que fica indo e vindo pelos caminhos desertos. Já outros, dizem que ele seria o próprio Corpo-Seco, nesta versão, a alma do menino seria tão ruim, mas tão ruim, que nem o céu nem o inferno o quiseram, por essa razão ele vaga pelo mundo assustando as pessoas.


A Lenda do Cavaleiro de Jaraguá


Meu padrinho, de nome João, morava com minha avó, aqui na Rua das Flores. Foi ela quem criou ele. Quando ele ficou rapaz, quis se mudar da casa de minha avó, porque queria ter liberdade. Os velhos eram muito enérgicos. Não gostavam que ele ficasse até tarde na rua.
Em frente da casa de minha avó, tinha uma casa que era assombrada. Era de um pessoal que morava na roça. Então, ele resolveu alugar um cômodo, um quarto dessa casa e ficou dormindo lá. O povo vivia falando pra ele assim:

-Você vai ver... Você ainda vai ver assombração nessa casa.
Ele falava:

-Não tem nada. Eu não acredito nessas coisas.
Respondiam:

-Tem um cavaleiro que vem e desce aí na porta. O cavalo vem ferrado e tudo. Você ainda vai ficar assombrado.

-Não acredito nisso não. Não tem essa bobagem não.

E continuou lá nessa casa. Quando foi um dia, era na quaresma e ele conta que chegou da rua, abriu a sala e entrou no seu quarto. Naquele tempo, não tinha luz aqui. Ele acendeu uma vela e pôs assim numa cadeira, na cabeceira da cama. Ele estava sem sono e pegou um livro pra ler. Ele era muito ativo, muito ladino. Era professor aqui em Jaraguá. Então ele pegou um romance e foi ler. Ele estava distraído com a leitura, nem tava lembrando de assombração...Nesse meio tempo, ele viu...O cavalo veio... pá...pá...pá... de ferradura. Entrou na calçada... Na porta da casa tinha uma pedrona grande assim... O cavalo veio, com aquele barulhão, bateu na calçada, fez "plá" na calçada. Nisso, ele escutou o cavaleiro descer, arrastando a espora. Ele tinha certeza que a porta estava trancada. Ele tinha acabado de fechá-la. E o cavaleiro continuava a arrastar a espora entrando pela casa adentro. Ele pensou: 'Ele vem aqui no meu quarto". Então ele abriu a janela e correu. Correu pra casa do meu pai que ficava perto da casa do meu avô. Tudo na Rua das Flores. Chegou lá só de cueca,chamando minha mãe e meu pai.

Minha mãe acordou meu pai. Ele sabia que João dormia sozinho lá nessa casa. Aí meu pai levantou na carreira, abriu a porta. João tava assim com os olhos arregalados, com medo. Entrou e disse pra minha mãe:
-O cavaleiro tá lá, tia. Entrou lá. Entrou lá dentro da casa. Não chegou a entrar no meu quarto, mas eu ouvi o arrastar de espora dele. Ouvi o barulho tudo, o cavalo até soprando na porta! Ouvi o barulho da ferradura batendo na pedra!

Contou ainda o que pensou na hora:

- Eu vou é sair daqui, porque se eu ficar ele vem cá no meu quarto.

A casa de mamãe era pequena. Não tinha lugar pra pôr ele, não tinha mais uma cama pra dar a ele. Nem uma rede não tinha. Aí meu pai disse assim:

-Vamos lá, João.

Meu pai e ele saíram, foram lá pegar o colchão dele. Chegaram lá, a porta tava trancada e a janela aberta. Abriram a porta, pegaram o colchão, fecharam a janela e a porta e vieram embora. Nesse dia, ele dormiu lá na casa do meu pai. Desse dia em diante, ele não quis pousar lá nessa casa mais não. Voltou pra casa do meu avô e largou de muita farra que ele fazia.

Muita gente andou vendo esse cavaleiro descendo lá nessa casa. Dizem que era o marido da mulher que morava lá. Falam que esta mulher não era assim muito séria. O marido dela morava na fazenda e vinha à noite pra ver se ela tava andando direito. Então, quando ele morreu, ficou fazendo essa arte aí, fazendo assombração.


A Lenda do Negro D’Água


Conta a lenda que o Negro D'água ou Nego D'água vive em diversos rios. Manifestando-se com suas gargalhadas, preto, careca e mãos e pés de pato, o Negro D'água derruba a canoa dos pescadores, se eles se negarem de dar um peixe. Em alguns locais do Brasil, ainda existem pescadores que, ao sair para pescar, levam uma garrafa de cachaça e a jogam para dentro do rio, para que não tenham sua embarcação virada. Esta é a História bastante comum entre pessoas ribeirinhas, principalmente na Região Centro-Oeste do Brasil, muito difundida entre os pescadores, dos quais muitos dizem já ter o visto. 

Segundo a Lenda do Negro D'Água, ele costuma aparecer para pescadores e outras pessoas que estão em algum rio. Não se há evidências de como nasceu esta Lenda, o que se sabe é que o Negro D'Água só habita os rios e raramente sai dele, seu objetivo seria como amedrontar as pessoas que por ali passam, como partindo anzóis de pesca, furando redes dando sustos em pessoas a barco, etc. Suas características são muito peculiares, ele seria a fusão de homem negro alto e forte, com um anfíbio. Apresenta nadadeiras como de um anfíbio, corpo coberto de escamas mistas com pele.


A Lenda do Pé de Garrafa



A lenda diz que o Pé de Garrafa é um bicho homem, cujo corpo é coberto de pêlos, exceto ao redor do umbigo, que tem a coloração branca, ponto que lhe é vulnerável.

Seu pé é no formato de um fundo de garrafa, motivo esse que faz com que se locomova aos pulos, deixando no chão, um rastro com marca de fundo de garrafa, sua ocorrência é sempre à meia-noite
Segundo o relato dos caçadores ouve-se apenas o grito que ecoa pelas matas 

Solta fortes assobios para comunicar que é dono do território, podendo até hipnotizar aquele que se atreve a encará-lo. A vítima que é pega pelo Pé de Garrafa ou tem sua alma aprisionada em seu pé ou é devorado pelo monstro. As únicas formas de fugir do Pé de Garrafa é atravessando um ponto de água corrente ou acertando o umbigo do monstro.


A Lenda da Mulher de 7 Metros


Lenda muito comum até na divisa com Mi­nas Gerais, a Mulher de Sete Metros ou a Mulher Branca, de longe parece uma mulher co­mum, mas quando se chega perto, se percebe que ela é grande e começa a crescer, se tornando enorme. E mais: que ela não é uma mulher, mas sim “uma coisa de outro mundo”, como conta Antônio César, do Instituto de Pesquisa em Estudos Históricos do Brasil Central. 

Segundo ele, a Mulher Branca era uma aparição recorrente em Itaberaí, e os relatos sobre ela remontam ao século 19, segundo pesquisa que ele fez na região. “Dizem que o padre da cidade a viu puxando a corda do sino da igreja”, disse ele. Algo que a aparição talvez faça até hoje.


A Lenda do Lobisomem


Em Goiás a lenda é muito comum no interior e sempre sobre para os vizinhos de mau humor,  ou que ficam muito tempo reclusos, sem sair de casa, a fama de Lobisomem. Principalmente se aparecer animais mortos perto daquela casa.

A lenda do Lobisomem é uma das lendas fictícias mais populares do mundo. Suas origens se encontram na mitologia grega, porém sua história se desenvolveu na Europa. A lenda do Lobisomem é muito conhecida no folclore brasileiro, sendo que algumas pessoas, especialmente aquelas mais velhas e que moram nas regiões rurais, de fato creem na existência do monstro.

A figura do lobisomem é de um monstro que mistura formas humanas e de lobo. Segunda a lenda, quando uma mulher tem 7 filhas e o oitavo filho é homem, esse último filho será um Lobisomem.

Quando nasce, a criança é pálida, magra e possui as orelhas um pouco compridas. As formas de lobisomem aparecem a partir dos 13 anos de idade. Na primeira noite de terça ou sexta-feira após seu 13º aniversário, o garoto sai à noite e no silêncio da noite, se transforma pela primeira vez em lobisomem e uiva para a Lua, semelhante a um lobo.

Após a primeira transformação, em todas as noites de terça ou sexta-feira, o homem se transforma em lobisomem e passa a visitar 7 partes da região, 7 pátios de igreja, 7 vilas e 7 encruzilhadas. Por onde ele passa, açoita os cachorros e desliga todas as luzes que vê, além de uivar de forma aterrorizante.

Quando está quase amanhecendo, o lobisomem volta a ser homem.

Segundo o folclore, para findar a situação de lobisomem, é necessário que alguém bata bem forte em sua cabeça. Algumas versões da história dizem que os monstros têm preferência por bebês não batizados, fazendo com que as famílias batizem suas crianças o mais rápido possível.

Conta a lenda que a transformação ocorre em noite de Lua cheia em uma encruzilhada. O monstro passa a atacar animais e pessoas para se alimentar de sangue. Volta a forma humana somente com o raiar do Sol.

- De acordo com a lenda, um lobisomem só morre se for atingido por uma bala ou outro objeto feito de prata.



O Fantasma do Centro Cultural Martim Cererê



Como toda boa cidade grande, Goiânia também é recheada de lendas urbanas. Se fala muito de túneis antiaéreos que correriam por baixo do Centro da cidade, sobre o Teatro Goi­ânia para abrigar um bunker contra ataques nucleares e muitas outras coisas. Uma delas é que o Martim Cererê seria assombrado. 

O cen­tro cultural abrigava caixas d’água, que após desativadas foram usadas para torturar presos durante a Ditadura Militar e nem todos saíram vivas de lá. Funcionários e frequentadores dizem ver constantemente as almas dos torturados vagando pelos teatros em que se tornaram as antigas caixas d’água.


O Caroneiro Fantasma


Outro mito mundialmente famoso é um caroneiro que desaparece na porta do cemitério. A forma do caroneiro tende a variar: algumas pessoas dizem que era uma mulher, outras, um homem e alguns afirmam até terem sido assombrados por crianças. E sequer se precisa estar de carro ou de moto: muitas vezes o caroneiro acompanha até mesmo quem está a pé. Em Goiânia, é possível ouvir muitos relatos sobre fantasmas caroneiros na região do Cemitério Santana, em Campinas, e na região do Cemitério Parque, no Morro do Além.


O Fantasma de Maria Grampinho



Embora Maria da Conceição tenha existido e contribuído em grande parte para o folclore e a memória da cidade de Goiás, a an­darilha amiga de Cora Coralina ocupava um lugar diferente no imaginário das crianças da época. Se dizia que ela iria pegar e levar as crianças de mau comportamento, colocando-as em sua misteriosa trouxa. Mesmo agora, anos após sua morte, ainda se fala que Maria vai levar as crianças levadas e mais: alguns turistas dizem vê-la brincando com seus grampos e a trouxa dentro da casa de Cora Co­ralina. Maria, além de provável fantasma local, acabou também virando a versão vilaboense do Homem do Saco.


A Procissão das Almas


Esta Lenda conta sobre uma velha, que vivia sozinha na sua casa, e por não ter muito que fazer, nem com quem conversar, passava a maior parte do dia olhando a rua através da sua janela, coisa muito comum no interior. Até que numa tarde quando estava quase anoitecendo ela viu passar uma procissão, todos estavam vestidos com roupas largas brancas (como fantasmas) com velas nas mãos e ela não conseguia identificar ninguém, logo estranhou, pois sabia que não haveria procissão naquele dia, pois ela sempre ia à igreja, e mesmo assim quando havia alguma procissão era comum a igreja tocar os sinos no inicio, mas nada disso foi feito. 

E a procissão foi passando, até que uma das pessoas que estava participando parou na janela da velha e lhe entregou uma vela, disse a velha guardasse aquela vela e que no outro dia ela voltaria para pegá-la .Com a procissão chegando ao fim a velha resolveu dormir, e apagou a vela e guardou-a. No outro dia, quando acordou, a velha foi ver se a vela estava no local onde ela guardou, porém para sua surpresa no local em que deveria estar a vela estava um ossos humano de uma pessoa adulta e de uma criança.


O Arranca Línguas


A lenda é muito difundida no Estado de Goiás, de acordo com relato de pessoas que já o viram, o Arranca Línguas é como um grande Gorila, medindo em torno de 2 metros e meio parecido com um homem pré histórico. Segundo a lenda, um dos seus principais alimentos é a língua, que pode ser tanto de animais como, cachorros, bois, cavalos, cabras ou até mesmo de gente. 

O Arranca língua costuma atacar suas vítimas à noite em emboscadas sorrateiras, matando-as e retirando-lhes a língua para comer, sendo por isso que recebe o nome de Arranca Línguas. Contam os ribeirinhos do Rio Araguaia que o Arranca línguas mora nas encostas do Rio, camuflando-se entre árvores frondosas e grandes troncos caídos.

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