A lenda da Matinta Perera

quinta-feira, 20 de março de 2014

A lenda da Matinta Perera


Conta a lenda, que à noite, um assobio agudo perturba o sono das pessoas e assusta as crianças, ocasião em que o dono da casa deve prometer tabaco ou fumo. A Matinta Perera é uma ave de vida misteriosa e cujo assobio nunca se sabe de onde vem. Dizem que ela é o Saci Pererê em uma de suas formas. Também assume a forma de uma velha vestida de preto, com o rosto parcialmente coberto. Prefere sair nas noites escuras, sem lua. Quando vê alguma pessoa sozinha, ela dá um assobio ou grito estridente, cujo som lembra a palavra: “Matinta Perêra…”

Para os índios Tupinambás esta ave, era a mensageira das coisas do outro mundo, e que trazia notícias dos parentes mortos. Era chamada de Matintaperera. Para se descobrir quem é a Matinta Pereira, a pessoa ao ouvir o seu grito ou assobio deve convidá-la para vir à sua casa pela manhã para tomar café.

No dia seguinte, a primeira pessoa que chegar pedindo café ou fumo é a Matinta Pereira. Acredita-se que ela possua poderes sobrenaturais e que seus feitiços possam causar dores ou doenças nas pessoas. Em alguns lugares, se apresenta como um velho, a cabeça amarrada com um pano ou lenço, como se fosse uma pessoa doente, indo de porta em porta, também a pedir tabaco.


Um ponto em comum em todas as versões encontradas, é que se trata de um indivíduo nômade, que anda a gritar, ou com seu assobio de pássaro, ou a tocar uma flauta, sempre a pedir tabaco. No Tupi encontramos Mata como significado de coisa grande, e mati para coisa pequena. No nosso caso da Matinta-Pereira, o mati significa um ente misterioso, nem ave, nem quadrúpede, nem serpente, mas tendo de todos estes alguma coisa. Mora nas ruínas, junto com onças, corujas e cobras.

Há na região Norte, sociedades secretas femininas chamadas de Tapereiras, que o povo chama de Mati-taperereiras. Às vezes usam do medo que provocam na população para obterem vantagens. Conta-se que garotos de 10 a 14 anos, como serventes e nas noites sem luar, saem a gritar imitando a Matinta-pereira. O povo assustado fecha as portas e janelas, e todos se calam para não atrair o “demônio” para suas casas.

Nos dias seguintes a essa noite, todos sabem que durante o dia chegará às suas portas uma velha a pedir tabaco. Nesse caso é melhor dar, ou charutos, e mais alguma coisa para comer. Insatisfeita tentará entrar na casa; Satisfeita ela irá embora sem causar mal algum.


Notas Complementares: Nomes comuns: Matinta Pereira, Matinta, Mati-tapereira, Matim-taperê, etc. Origem Provável: Mito que ocorre no Sul, Centro e Norte e Nordeste do Brasil. Para alguns é uma variação da lenda do Saci.

Ao ouvir durante a noite, nas imediações da casa, um estridente assobio, o morador diz:: – Matinta, pode passar amanhã aqui para pegar seu tabaco. No dia seguinte uma velha aparece na residência onde a promessa foi feita, a fim de apanhar o fumo.

Na região Norte, especialmente Pará, a Matinta Pereira, seria um pequeno índio, de uma perna só e com um gorro vermelho na cabeça, semelhante ao Saci, que não evacua nem urina, sujeito a uma horrível velha, a quem acompanha às noites de porta em porta, a pedir tabaco. A velha que o acompanha canta, ao som do canto de um pássaro noturno chamado Matin-ta-perê.

Em Pernambuco há uma referência a uma ave noturna, cujo canto se assemelha a um grito, muito temido por todos, por ser considerado de mau agouro. É a mesma Matinta, mas esta parece dizer: “Saia-Dela”.

Esta é provavelmente uma adaptação da lenda do Saci. Inclusive o pássaro no qual ela se transforma, chamada Matin-ta-perê, que além de ser preta tem o costume de andar pulando numa perna só, é a mesma que entre os Tupinambás, com o tempo se transformou no moleque Saci.

A velha é uma pessoa do lugar que carregaria a maldição de “virar” Matinta Perera, ou seja, à noite transformar-se neste ser indescritível que assombra as pessoas. A Matinta Perera pode ser de dois tipos: com asa e sem asa. A que tem asa pode transformar-se em pássaro e voar nas cercanias do lugar onde mora. A que não tem, anda sempre com um pássaro, considerado agourento, e identificado como sendo “rasga-mortalha”. Dizem que a Matinta, quando está para morrer, pergunta: “Quem quer? Quem quer?” Se alguém responder “eu quero”, pensando em se tratar de alguma herança de dinheiro ou jóias, recebe na verdade a sina de “virar” Matinta Perera.


Existem várias formas de escrever o seu nome: Matinta Pereira, Matinta Perêra, Matinta Perera, Mati-Taperê, Mat-taperê, Matim-Taperê, Titinta-Pereira. Ela se apresenta como sendo uma velha, geralmente acompanhada de um pássaro. O pássaro assobia, à noite, para perturbar o sono das pessoas e assustar as crianças.

Há os que dizem que já tiveram a infeliz experiência de se deparar com a visagem dentro do mato. A maioria a descreve como uma mulher velha com os cabelos completamente despenteados e que tem o corpo suspenso, flutuando no ar com os braços erguidos. Ao ver uma Matinta, dizem os experientes, não se consegue mover um músculo sequer. A pessoa fica tão assustada que fica completamente imóvel! Paralisada de pavor!

Abaixo você confere um escultura da criatura feita pelo artista Nelson Nabiça:


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