Atração é inspirada em Serial Killers |
Há muitos arquitetos especialistas. Alguns só fazem residências e outros os escritórios das grandes empresas, por exemplo. Steve Kopelman há 30 anos cria casas mal-assombradas. Seu mais recente projeto foi realizado a mando de ninguém menos que Rob Zombie – o famoso roqueiro diretor de filmes de terror. Trata-se do Great American Nightmare, a atração mais assustadora do centro de eventos Fairplex, em Pomona, Califórnia. A produção, que ocupa mais de 3.000 m², foi a mais cara da carreira do arquiteto, somando dois milhões de dólares.
Para projetar os cenários do grande pesadelo americano, Kopelman consultou diversas cenas de crimes antigas. O tema central da atração é o assassinato em série. Assim, nos interiores veem-se espaços cujas decorações reproduzem os ambientes que testemunharam as matanças da Família Manson, por exemplo. Trata-se de um pesadelo tanto pelo âmbito humano quanto pelo viés do design. Aparecem por ali bancos com estofado de pleather, uma espécie barata de couro sintético, e tapeçaria na cor mostarda. Outro cômodo reproduz a sala de estar do serial killer John Wayne Gacy, com poltronas do tipo Barcalounger.
Ao todo, 150 funcionários garantem a manutenção do medo. Eles são atores, maquiadores e contrarregras que não encontram espaço na nova Hollywood, dominada por efeitos especiais digitais. A indústria da assombração é para lá de rentável, movimentando cerca de um bilhão de dólares por ano – um dado incrível, se considerarmos que os “meses do terror” são só setembro, outubro e novembro. O curto período na ativa coloca grande pressão sobre os ombros dos arquitetos e construtores. Os atrasos não são toleráveis. O público dispõe-se ao medo por tempo limitado.
Mas essa não é a única restrição que pesa no planejamento de Kopelman. As casas mal assombradas encaram ainda dois grandes desafios: a escolha dos materiais resistentes e a adequação às normas construtivas. “Há tantas peças em movimento, que fazemos listas de diárias de itens a serem trocados ou consertados”, disse. Além disso, estima-se que o estabelecimento deverá agrupar em seu interior até 2,5 mil pessoas ansiosas e desorientadas. Por isso, as exigências feitas pelo departamento de bombeiros para esse tipo de “comércio” são bem mais rígidas.
Se não bastasse tudo isso, Kopelman ainda teve que lidar com as peculiaridades de Zombie. Entre elas a exigência de minúcia. O diretor diz ter levado de seus filmes uma grande lição: “o público não repara nos detalhes quando eles estão ali, mas definitivamente nota a ausência de cuidado com os pormenores”. O segredo, é claro, é a surpresa. Mesmo que os truques comuns – o homem que surge do escuro, o esqueleto que desce do teto com a mandíbula batendo, o grito inesperado vindo do além e afins – ainda funcionem, é preciso inovar, pois sua ação é efêmera. Aí entram as novas tecnologias.
Uma das artimanhas de Kopelman foi instalar pelas paredes as scat mats. São telas que criam superfícies eletrizadas. A sua função original é conter e disciplinar cães e gatos. Essas telas dão leves choques em quem as toca. Em pontos estratégicos, televisores superfinos projetam imagens com ar espectral; autofalantes emitem sons assustadores; e “canhões de cheiro” dispersam maus odores.
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