Aproveitando que ontem foi comemorado o dia do Índio resolvemos trazer para a postagem de hoje uma lenda indígena muito interessante:
Anhá-Angá, “anhang” do tupi-guarani. “Ang” significando Alma e “Anhá”, correr, ou seja, uma alma que corre. Pode ser traduzido por alma errante dos mortos, sombra, espírito ou, como fala o caboclo, visagem, que é o mesmo que espectro, fantasma e assombração.
Anhangá é alma protetora das matas e, assim como o Curupira, é protetor de todos os animais. A ele parecem estar afetos o destino da caça e da pesca.
Como alma é invisível, entretanto pode assumir diversas formas. As formas nas quais se apresenta depende para quem aparece.
Nos tempos que os jesuítas fundaram a cidade e estavam a converter os índios, era sabido de um espírito que abrigava os arredores, que amedrontava índios e caçadores.
Na região aonde hoje é o vale do anhangabaú, corre um rio mesmo que canalizado que é chamado de Rio Anhangabaú, a referencia do nome é completamente ligada ao demônio, o significado do nome é algo como “Água do mal”, “Rio Maldito” ou apenas “Aguá de Anhangá” pois este era conhecido como seu domínio.
Os jesuítas quando fundaram a cidade no alto do planalto e após fazer contato com as tribos indígenas vizinhas, perceberam que muito deles tinham um terrível medo de atravessar o rio, pois diziam que quem o atravessa-se seria caçado pela terrível criatura.
O nome da criatura que varia entre Anhangá e Anhanguera vem do tupi, e significa algo como “espirito velho” e “alma antiga”. Ouvindo relatos sobre a criatura, os padres jesuítas logo o associaram com a imagem do diabo cristão, visto o temor que ele espalhava nos habitantes.
Há inúmeros relatos pelo Brasil de como ele agia e se parecia, na maioria dizia-se que por um assovio alto e longo ouvido ao entrar na mata, era um aviso que anhangá estava a te observar.
Geralmente associado a proteção das matas e da fauna, toda vez que uma caça fugia dizia ser culpa do anhangá que tinha dado proteção a presa, ou então fazia armadilhas para confundir os caçadores.
A coisa toda começa a ficar estranha, quando alguém parte para o desdém da criatura, relatos vão de pessoas que morreram misteriosamente, e outras que foram postas para fora da mata por uma “força invisível”. A vítima sentia como se estivesse sendo golpeada na cabeça com uma maça ou um bastão de madeira.
Para se ter paz na caçada, dizia-se que devia cortar uma vara no meio, e deixar um pouco de fumo na entrada na floresta, ou aonde se abate-se uma caça, logo devia-se oferecer a oferenda ao espírito e sair tranquilamente, que nada lhe aconteceria, alguns relatos também dizem sobre a criação de uma cruz com bambus e deixa-la no meio da mata, algo que inibiria os ataques da fera.
Os avistamentos são variados e variam para os mais diversos possíveis. Visto que por ser um espírito, podia tomar qualquer forma possível, mas o que mais se repetiam era a imagem de um cervo branco, com olhos de fogo e uma cruz na testa, uma simples encarada nos olhos flamejantes espalharia o total terror na vítima e sua paralização por completo.
A ideia de um espírito vingativo rondando as primeiras vilas da São Paulo colonial aterrorizava em muito seus primeiros habitantes. Claro que com a chegada da industrialização e urbanização dos séculos posteriores, costumes e crendices indígenas ficaram no passado. Mas pare para analisar por um só instante, a grande maioria dos prédios assombrados da capital paulista se encontra nos arredores de onde corre o rio, como por exemplo o edifício Martinelli, sem contar os desastres dos edifícios Andraus e Joelma, onde diversas pessoas morreram devido ao incêndio.
Será isso uma forma do espírito se vingar das pessoas que invadiram seus domínios, derrubaram as arvores e canalizaram seu rio?
Estou muito lisonjeado que tenham usado um texto meu no blog de vocês. Mas seria de muito bom gosto que pelo menos fizessem uma referência ao dono do artigo.
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