Curitiba tem seus mistérios e uma visita guiada vai ajudar a desvendá-los. Todos os sábados, de 6 de novembro a 11 de dezembro, um passeio por pontos turísticos do centro histórico vai mostrar a história da cidade conforme retratada no livro em quadrinhos O Mistério do Pirata Avarento, do quadrinista André Caliman.
O livro, executado com o Programa de Apoio e Incentivo à Cultura da Fundação Cultural de Curitiba e da Prefeitura Municipal de Curitiba, se passa no século 19, quando o Barão do Serro Azul convida o detetive Sherlock Holmes a Curitiba para desvendar o caso do fantasma do pirata Zulmiro.
As visitas guiadas ao centro histórico, cenário da trama, são uma contrapartida aos recursos recebidos. A ação tem parceria da Gibiteca de Curitiba.
“Trata-se de uma visita que aborda aspectos culturais e históricos da Curitiba do século 19 retratada no livro, provocando o interesse pela história da cidade através de alguns mistérios que ainda pairam pelas ruas do centro histórico”, disse Caliman.
As visitas são de graça e acontecem aos sábados, das 15h às 18h. O limite é de 20 participantes por visita, que devem ter 18 anos ou mais.
As inscrições podem ser feitas pelo email misterio.visitasguiadas@gmail.com informando nome completo dos participantes, idade, cidade onde moram, contato telefônico e dia que desejam realizar a visita.
Trajeto do tour
O roteiro sairá da Gibiteca de Curitiba (Rua Presidente Carlos Cavalcanti, 533, Centro). Na sequência, passará pela Rua São Francisco, Praça Generoso Marques, Praça Tiradentes, Largo da Ordem e Ruínas de São Francisco.
Na visita também estarão os arte-educadores Rogério Bealpino e Karina Melo. Ao final do passeio todos os participantes ganharão um exemplar do livro para apreciar a história e a cidade retratada em suas páginas.
O uso de máscara e álcool em gel é obrigatório. Os organizadores também recomendam o uso de roupas e calçados confortáveis para caminhada e que cada participante leve uma garrafa de água. Em caso de chuva a visita é cancelada.
Serviço:
Visita guiada O Mistério do Pirata Avarento
Datas: 6, 13, 20 e 27 de novembro 4 e 11 de dezembro
Horário: das 15h às 18h
A partir de 18 anos
Inscrições pelo email misterio.visitasguiadas@gmail.com
Saiba mais sobre a lenda
Até meados dos anos 60, Curitiba viveu uma espécie de corrida pelo ouro. Moradores mais antigos do bairro Vista Alegre das Mercês, principalmente os das cercanias do Bosque Gutierrez, ainda lembram bem dessa história. A entrada do túnel, que supostamente foi usado pelo famoso pirata Zulmiro para esconder seu tesouro, ficava na esquina das ruas André Zanetti e Amapá. Mas as mudanças urbanísticas o soterraram.
Antes de isso acontecer, várias pessoas tentaram explorá-lo e alguns até fizeram escavações acreditando que iam enriquecer. No entanto, os relatos de tesouro não tiveram comprovação.
“Usávamos vela para entrar no túnel e nunca dava para ir muito longe. Era assustador. Ainda havia poucas casas na região. Teve gente que disse ter encontrado moedas de ouro, mas nunca soube de provas”, afirma Valdir Silva, 66 anos, relembrando os tempos de adolescente. Jeanete de Mattos, 65, filha de um dos pioneiros do bairro, conta que quando era garota, ouvia relatos dos meninos sobre o túnel. “Os mais corajosos entravam. Tinha lenda de fantasma, a maioria sentia medo”.
O escritor Vicente Nascimento Júnior, fundador do Instituto Histórico de Paranaguá, é um dos poucos a relatar sobre a passagem do pirata William Saulmers pelo Paraná. Segundo Vicente, há cerca de 170 anos, Saulmers era oficial da marinha inglesa e, após abandonar o posto, fez diversos saques contra embarcações no Caribe e sul do oceano Atlântico. Teria escondido parte de seus tesouros na Ilha da Trindade. Depois disso, teria escondido parte em túneis que existiam perto da casa onde morou, na região do Vista Alegre, em Curitiba.
O inglês tinha um comportamento reservado. O nome Saulmers foi adaptado para Zulmiro, até sua morte, por volta de 1892. O historiador Vicente Nascimento tinha 12 anos nessa época e relatou mais tarde em seu livro “Histórias, crônicas e lendas”, que Saulmers teria revelado o segredo do tesouro antes de morrer.
Por volta de 1880, Zulmiro foi visitado pelo paulista Edward Stammers Young, filho de ingleses, que entrevistou o velho pirata. Vicente relata que Saulmers ficou animado em ouvir e falar a língua materna e, com a morte eminente, entregou o mapa para Edward. Mas o tesouro não estava em Curitiba, e sim na Ilha da Trindade, o posto mais avançado do território brasileiro no Atlântico. Mesmo após três expedições de paulistas até a ilha, nenhuma moeda jamais foi encontrada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário