Mistério do desaparecimento de garoto no Acre inspira criação de jogos

quinta-feira, 13 de abril de 2017

Mistério do desaparecimento de garoto no Acre inspira criação de jogos



O desaparecimento do estudante de psicologia Bruno Borges, de 24 anos, no último dia 27 de março em Rio Branco- AC, acabou inspirando a criação de jogos para smartphone. Os aplicativos foram disponibilizados na Play Store, do Google, com os nomes 'Menino do Acre', 'Encontre o Menino do Acre' e 'Alquimistas do Acre'.

Um dos aplicativos explica que os jogadores devem desvendar o mistério por trás do desaparecimento coletando os livros - deixados criptografados pelo jovem - ao longo do jogo. Porém, é preciso ser rápido e tomar cuidado..
para não morrer ao cair em um rio de lava.

Outro game pede que o jogador toque a tela para procurar o "menino do Acre". O jogo faz alusão à brincadeira do "quente ou frio?" e diz que o jogador tem algumas chances de encontrar o estudante antes que ele desapareça para sempre.

Formados em Ciência da Computação pela Universidade Federal de Uberlândia, Filipe Barbosa Nunes, de 24 anos, e Guilherme Castilho Casassanta, de 25 anos, são desenvolvedores de jogos independentes. Os dois criaram o jogo 'Menino do Acre' após acompanhar a história de Bruno Borges pelos noticiários e redes sociais. "Ficamos muito intrigados com os mistérios deixados pelo Bruno em seu quarto. Vimos em vários sites, inclusive a repercussão que isso tomou no Twitter", contam.

Os dois explicam que o jogo foi criado como uma forma de brincar com os mistérios deixados pelo acreano através dos cadernos. Os dois destacam que ficaram realmente preocupados com o desaparecimento do estudante de psicologia e afirmam que a obra de humor é baseada nos mistérios do quarto e não no sumiço. O jogo foi postado na última quinta (6) e, até agora, segundo os criadores, as avaliações foram positivas. Na Play Store o jogo aparece com a nota de 4,5 de cinco estrelas.

"O jogo 'Menino do Acre' foi uma adaptação de um outro jogo nosso o 'Ultra Jump', que levamos aproximadamente 15 dias para fazer. Além disso, a adaptação de contexto, imagens e programação durou mais de um dia. Estão pedindo para disponibilizarmos para IOS, o que inclusive já providenciamos, só estamos aguardando o prazo de validação por conta da App Store", relatam os desenvolvedores.

Os jovens afirmam que a história do acreano é curiosa e deixa margem para várias teorias. Os dois contam que leram algumas suposições sobre o conteúdo filosófico deixado nas mensagens, mas não conseguiram ter certeza de nada. "Inclusive é difícil chegar a uma só conclusão quando a internet toda está criando teorias a respeito do acontecido. Esperamos que, no fim, tudo fique bem e Bruno seja encontrado com saúde", dizem.

Jovem pode ter saído do Estado

Alguns dos livros foram escritos nas paredes, teto e chão.



A Polícia Civil do Acre investiga a possibilidade do estudante ter saído do estado. O secretário adjunto de polícia, Josemar Portes, não confirma se o jovem chegou a passar pelo aeroporto ou rodoviária de Rio Branco, mas quando questionado se a polícia tem indícios que levaram a essa conclusão o secretário é categórico: “pode ter, mas não vamos divulgar”.

Portes afirma que todas as linhas de investigação ainda são mantidas abertas. Porém, a que tem sido preponderante até o momento é que o sumiço de Bruno se deu por "ato voluntário, sem nenhuma espécie de coação ou constrangimento".

"O que posso afirmar é que algumas [linhas] se demonstraram mais viáveis que outras. Ainda não eliminamos a possibilidade de ter havido crime, muito embora ela esteja cada dia mais afastada. Alguns detalhes não estamos divulgando, mas temos métodos e o acesso a videomonitoramento [de aeroporto e rodoviária] é um deles. É uma possibilidade ele ter saído do estado, mas não é comprovada", complementa.

O caso tem chamado a atenção devido às mudanças feitas pelo acreano no quarto da casa onde mora, na capital acreana. No local, ele deixou uma estátua do filósofo italiano Giordano Bruno (1548-1600), por quem tem grande admiração, comprada por R$ 7 mil, e 14 livros escritos à mão e criptografados. Alguns deles copiados nas paredes, chão e teto do cômodo.

Segundo o secretário, a maioria das pessoas que fazem parte do convívio de Bruno já foi ouvida - algumas prestaram informações mais de uma vez. Portes, no entanto, não divulgou quantos depoimentos sobre o desaparecimento foram colhidos pela polícia. "Sua rede de convivência não é tão grande. Familiares e parentes próximos, todos foram ouvidos e alguns mais de uma vez. Temos que desvendar, localizá-lo para confirmar que ele está bem, torcemos para que tudo seja decorrente de um ato de vontade própria", acrescenta.

Portes salienta que os escritos ainda não são usados na tentativa de elucidar o sumiço de Bruno. "Do ponto de vista da polícia, é um dado a mais na investigação. Nosso foco principal é que ele se afastou do convívio familiar e temos que verificar se foi realmente um ato voluntário ou se movido por outra força externa qualquer", ressalta.

Desaparecimento

O artista plástico Jorge Rivasplata, de 83 anos, autor da estátua do filósofo Giordano Bruno, disse que acredita que Bruno seja a reencarnação do filósofo - queimado durante a inquisição - e tenha voltado para completar a sua obra.


Bruno Borges está desaparecido desde o último dia 27 de março, em Rio Branco. A última vez que os parentes viram Bruno foi durante o almoço de família do mesmo dia. O jovem voltou para casa e todos - mãe, pai e os outros dois irmãos - seguiram o dia normal de trabalho. Mais tarde, o pai de Bruno, o empresário Athos Borges, retornou à residência da família e percebeu que o filho não estava.

No quarto do estudante, que ficou trancado por 24 dias enquanto os pais viajavam, foi encontrada uma estátua do filósofo Giordano Bruno (1548-1600) orçada em R$ 7 mil, e 14 livros extremamente organizados, escritos à mão. Alguns deles copiados nas paredes, teto e chão. Todas as obras – identificadas por números romanos – criptografadas.

Junto com os 14 livros criptografados deixados no quarto, o estudante também deixou as "chaves" que servem como guia para a decodificação. De acordo com a família, os escritos foram feitos com a utilização de pelo menos quatro códigos diferentes.

A investigação do caso é feita pela Polícia Civil do Acre de maneira sigilosa. Ao G1, o coordenador da Delegacia de Investigação Criminal (DIC), delegado Fabrizzio Sobreira, afirmou que todas as possibilidades estão sendo consideradas para apurar o paradeiro do acreano.

O artista plástico Jorge Rivasplata, de 83 anos, autor da estátua do filósofo Giordano Bruno, disse ao G1 Acre que acredita que Bruno seja a reencarnação do filósofo - queimado durante a inquisição - e tenha completado a obra dele. A escultura de mais de dois metros foi entregue ao jovem no dia 16 de março e finalizada pelo próprio artista dentro do quarto de Bruno. "Tudo foi premeditado para esse projeto, tudo o que está acontecendo já estava escrito. Acredito muito nele. Desde que começamos a conversar sempre acreditei", disse Rivasplata.

Família identifica 5 códigos diferentes em escritos

Antes de sair de casa, o estudante deixou 14 livros - identificados por números romanos - escritos à mão e extremamente organizados.



A família do estudante de psicologia Bruno Borges, de 24 anos, já identificou cinco tipos diferentes de criptografias nos escritos deixados pelo jovem, que está desaparecido desde o dia 27 de março. Até então, tinham sido encontrados quatro códigos - um deles baseado no "O Manual do Escoteiro Mirim".

Antes de sair de casa, o estudante deixou 14 livros - identificados por números romanos - escritos à mão e extremamente organizados. Alguns deles copiados nas paredes, teto e chão. No quarto, também foi colada uma estátua do filósofo Giordano Bruno (1548-1600) - réplica da que existe no Campo de Fiori, em Roma.

A irmã mais velha de Bruno, a empresária Gabriela Borges, de 28 anos, explicou que, desde o último sábado (8), começou a decodificar dois livros por meio de um programa de computador. A família ainda não divulgou nenhum trecho escrito pelo acreano. Uma das 14 obras, segundo ela, chama "A teoria da absorção do conhecimento".

"São mais de cinco tipos de criptografias usadas por ele [Bruno], umas bem simples e umas bem mais complexas. As mais simples são as que alguns internautas já decodificaram, são apenas cifras de substituição. Entretanto, tem outras que vão exigir um pouco mais de estudo para serem descriptografadas", disse.

Junto com o material, Bruno também deixou algumas das "chaves" que servem como guia para a decodificação dos textos. As guias ficaram em um local visível, dentro de uma pasta, informou a irmã ao G1. "Não estava em difícil acesso, ele não deixou muita coisa no quarto, além do que foi feito. Tem um [livro] que fala sobre a busca da verdade absoluta", falou.

Sobre as investigações, o delegado Fabrizzio Sobreira, coordenador da Delegacia de Investigação Criminal (DIC), afirmou que os amigos que ajudaram Bruno nas escrituras e criptografias teriam feito um pacto de sigilo para que objetivo real do projeto não fosse revelado.

Sobreira acrescentou que todos os envolvidos prestaram depoimentos, incluindo o primo de Borges, o oftalmologista Eduardo Veloso, que financiou o projeto com o R$ 20 mil e dois amigos que ajudaram o estudante a escrever e criptografar os livros. O artista plástico Jorge Rivasplata, autor da escultura de Giordano Bruno, também foi ouvido.

"Pelo que entendemos na investigação, existia entre eles [amigos] um pacto de não revelar o projeto. Então, não podemos forçar as pessoas que passam pela delegacia a falarem aquilo que não querem, mesmo sob pena de cometer crime de falso testemunho. Eles não são obrigados a expor o pacto que possivelmente existiu", destacou.

Mistérios e mais mistérios


 Giordano Bruno também anteviu a noção de universo infinito, defendia a existência de planetas para além do sistema solar e a possibilidade de vida inteligente em outros planetas.


Além dos textos nas paredes e nas quatorze compilações de livros e um quadro que aparece com um alienígena, o jovem deixa uma estátua de Giordano Bruno que foi um filósofo, teólogo, escritor, cosmólogo entre outras diversas áreas de atuação. Giordano Bruno foi morto pela inquisição em 1600, foi julgado em diversas acusações pela igreja e sua última frase antes de sua morte foi: “Talvez sintam maior temor ao pronunciar esta sentença do que eu a ouvi-la”.

O frade italiano nascido em 1548 entrou para a história após questionar abertamente crenças fundamentais da Igreja Católica, como a existência de céu e inferno, a danação eterna e a concepção de Cristo por uma mulher virgem.

Giordano Bruno também era uma espécie de herdeiro intelectual do heliocentrismo de Nicolau Copérnico, e não se limitou a concordar que a Terra é que dava voltas em torno do Sol – o que na época, por si só, era o suficiente para morrer na fogueira dos tribunais eclesiásticos.

Observando o céu, foi além e concluiu que as estrelas não eram só pontos de luz, mas outros “sóis” muito distantes.

Na obra A Causa, o Princípio e o Uno, ele diz: “o universo é, então, uno e infinito (…) Não é possível compreendê-lo e ele não tem limites. Nesse sentido, ele é indeterminável, e consequentemente imóvel.”

O filósofo, apesar da perseguição, chegou a lecionar Aristóteles na Universidade de Halle-Wittenberg, uma instituição de ensino alemã luterana – os protestantes, fiéis a seus princípios de livre interpretação da Bíblia, toleraram sua subversão teórica por mais tempo que católicos tradicionais.

Ele foi queimado em 1600, e se tornou um mártir dos iluministas no século 19. Até hoje é símbolo da liberdade de pensamento e expressão, e suas ideias estão na vanguarda da astronomia contemporânea: o telescópio Kepler, lançado pela Nasa em 2009, já identificou mais de 2,3 mil dos mundos distantes que habitavam os sonhos de Giordano Bruno.

Estátua do filósofo Giordano Bruno em Roma.


Não é algo recente os relatos de abduções e interações telepáticas com seres vindo de outros planetas. Em junho de 1963, em Albuquerque no Novo México, Paul Villa de 49 anos teria sido convocado telepaticamente a comparecer em um local específico para receber os visitantes de uma galáxia distante, ele conversou com alienígenas e fotografou a sua nave.

Os avistamentos de ovnis são inúmeros, o período onde houve mais casos aconteceu no EUA entre 1950 e 1960 – o Brasil fica em segundo lugar em avistamento.

O fator que determina se algo é ou não é verdade, em alguns casos, depende diretamente do observador. Para Nietzsche por exemplo, a verdade é uma ilusão, uma dissimulação produzida pelo intelecto. Neste caso, Bruno produziu uma dissimulação de seu intelecto e simplesmente sumiu?

A crença de vida fora da terra ou mesmo na existência do Cristo, de seres mágicos que vivem entre as nuvens advêm de uma crença ou a negação dela, tanto o caso do desaparecimento misterioso do jovem do Acre podendo até ser um caso noticiado de abdução ou mesmo o contato com seres de outras dimensões, toda a verdade depende da crença que cada um desenvolve ao longo da existência: direcionada para um propósito de mentiras ou de verdades inabaláveis.

Tais verdades não são absolutas, tem um caráter mutável e o que vai determinar sua existência é a leitura que cada um faz de si e do contexto.

E a pergunta ainda persiste, para onde foi o Bruno?

Ele foi abduzido ou foi acometido por um impulso desenfreado de escrever e logo após surtou e sumiu?

Tudo ainda permanece um mistério.

Bruno está desaparecido desde o dia 27 de março em Rio Branco-AC.

Fontes: G1 e DM

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