O cenário é dos centenários prédios do Pátio de São Pedro, no tradicional Bairro de São José. Dizem que num dos sobrados de quatro andares existentes na lateral da Igreja de São Pedro (a construção do século XVIII que dá nome ao lugar), reside uma figura que provoca calafrios nos que a encontram. É uma mulher bonita, de longos cabelos negros e roupas provocantes que é vista a caminhar lentamente pelos corredores e escadarias do antigo edifício. Os que se deparam com ela logo percebem trata-se uma visagem, alma de outro mundo: depois de alguns passos, a moça misteriosa de semblante tristonho desaparece no ar, como por encanto.
Uns poucos cômodos do sobrado são moradias para algumas famílias. Em outras dependências trabalham costureiras e prestadores serviços, como pintores de placas. Muitas dessas pessoas já testemunharam a aparição. A decoradora Rosângela Silva, que morou no lugar, contou o que ouviu sobre a origem da fantasmagoria. Seria o espectro de uma mulher que alugou um dos quartos do velho prédio na década de 50. Era jovem e atraente, mas vivia só e carregava a dor de uma desilusão: havia sido abandonada pelo amante. Comenta-se que, para sobreviver, trabalhava como prostituta. Certo dia matou-se ateando fogo ao corpo. Morte lenta e dolorida de quem tenta queimar a dor de uma constante amargura. E desde então virou mal assombro, alma-penada, eternamente presa a este plano de existência por causa do terrível pecado que cometeu.
As pessoas que convivem no sobrado já tentaram por fim ao sofrimento desse espírito encomendado missas e requisitando bênçãos dos padres no próprio edifício. Logo depois dessas medidas pensaram que as aparições deixaram de ocorrer, mas não por muito tempo, não demora até que mais alguém se depara novamente com a sinistra mulher a caminhar pelos corredores.
Nenhum comentário:
Postar um comentário