Em 1880 uma mulher de meia-idade buscou desesperadamente por ajuda, ela dizia que estava sem cérebro, nervos, tórax, estomago, intestinos… dizia que estava morta e era apenas um corpo em decomposição. O neurologista francês Jules Cotard tentou ajudar a pobre mulher a qual ele apelidou de Senhorita X, porém como ela acreditava estar morta, não tinha necessidade de comer e acabou falecendo por inanição.
Cotard foi o primeiro a tentar estudar esta curiosa síndrome, porém ela já havia sido registrada antes. Em 1788 Charles Bonnet relatou a história de uma senhora idosa que, enquanto fazia o almoço em sua cozinha, foi golpeada por uma lufada de ar contra pescoço. Seu corpo imediatamente foi paralisado como se ela tivesse sofrido um acidente vascular cerebral. Quando finalmente conseguiu falar, a senhora exigia que fosse envolvida em uma mortalha e colocada em um caixão, nada mais justo já que acreditava estar morta.
Com o tempo ela foi ficando cada vez mais agressiva, exigia ser colocada em um caixão. Ela começou a fazer ameaças e estava descontrolada, neste momento seus familiares resolveram que fariam sua vontade para que ela se acalmasse. A vestiram como morta e a colocara em um caixão, no final, a mulher entrou em sono profundo. Quando isso ocorreu, sua família lhe retirou as vestes de morta, a colocou na cama e um médico começou a administrar pó de pedras preciosas com ópio para tira-la do transe.
Quando ela acordou, seu delírio finalmente teve um fim. Porém infelizmente o fato voltava a ocorrer a cada três meses até o fim de sua vida. O relato conta também que a idosa falava com pessoas mortas, fazia jantares a elas e as hospedava em sua casa.
Depois disso, os casos desta doença foram extremamente raros… isto até 2013, quando um homem chamado Graham Harrison tentou cometer um suicídio ao colocar um aparelho elétrico na banheira onde tomava seu banho. Quando o homem acordou no hospital, acreditava estar morto, ele não permitia receber medicações pois dizia que seu cérebro já havia morrido, ele perdeu o olfato e também o paladar, não comia ou falava. Após receber alta, começou a passar muito tempo em cemitérios, já que era o mais próximo que podia chegar da morte.
Psiquiatras tentaram convence-lo de que ele estava vivo, seu coração batia e seus órgãos estavam em pelo funcionamento, porém não obtiveram sucesso. Então, o Doutor Adam Zeman, neurologista da Universidade de Exeter, juntamente com o Doutor Steven Laureys, da Universidade de Liège o atenderam. Fizeram uma tomografia por emissão de pósitrons em Graham para monitorar seu metabolismo e o que descobriram foi assustador.
A função cerebral de Graham era igual a de alguém durante uma anestesia, coma ou durante o sono. Ninguém acordado poderia ter tal atividade, muito menos caminhando e interagindo com pessoas. Após um tratamento com antidepressivos e psicoterapia, os sintomas diminuíram bastante, porém o homem diz ainda ir até cemitérios na tentativa de se aproximar da morte.
Com o tempo, e com muita psicoterapia e tratamento medicamentoso, Graham tem melhorado gradualmente e não está mais sob o domínio da doença. Ele agora é capaz de viver de forma independente.
"Eu não posso dizer que estou de volta ao normal, mas eu me sinto muito melhor agora e até saio para fazer as coisas perto de casa. Eu não tenho medo da morte. Mas isso não tem a ver com o que aconteceu, pois nós todos vamos morrer um dia e eu tenho sorte de estar vivo agora”, afirmou o ex-morto-vivo.
Graham "vive" novamente |
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