Monga vira peça teatral

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Monga vira peça teatral

Monga estará em cartaz até 11 de dezembro no Sesc Santo André


O fascínio da Monga, lenda da moça aprisionada que se transforma em um macaco enfurecido, é tão grande que inspirou a atriz Maria Carolina Dressler a montar uma peça a respeito. 

O espetáculo "Monga" entrou em cartaz esse mês no Sesc Santo André (SP). A direção é de Juliana Sanches (Grupo XIX de Teatro) e tem a colaboração de Pietro Floridia, do Teatro Dell’Argine, de Bologna, na dramaturgia.

"Quis resgatar o sonho de infância, o medo, o fascínio e o universo circense. Comecei a pesquisar pela história da mexicana Julia Pastrana (leia sobre ela abaixo) e nos filmes do italiano Marco Ferreri", conta ao iG a atriz que protagoniza o drama da lendária macaca.

"Monga" conta a trajetória de isolamento e exploração de uma mulher que sofre uma transformação física e vira um macaco. Para a metamorfose da protagonista são usados recursos audiovisuais, teatro de sombras além de narrações.

"Procurei fazer o mais próximo da primeira Monga que conheci, a clássica atração do Playcenter", conta a atriz, que vê ainda uma relação entre a atração circense e as polêmicas sobre a atuação da mulher na sociedade atual. "Não tem como não fazer um paralelo com a mulher explorada."

Foto da atração "Monga" no antigo Playcenter


No cinema

A inspiração no universo do cineasta italiano Marco Ferreri também foi fundamental. O diretor de Milão trabalhou a mesma temática em "A Mulher-Macaco", filme de 1964. "Ferreri questiona o casamento, a obrigatoriedade de procriar. Ele sempre coloca a mulher como portadora da transformação."



O pioneiro da Monga no Brasil


    Romeu Del Duque, o "Pai da Monga", e a atriz         Maria Carolina Dressler



Em 1967, "depois de aprender todos os segredos com um tio já falecido", Romeu Del Duque colocou em prática o mistério da Monga, nome que afirma ter sido sua criação. "Eu chamava apenas de mulher-macaco e comecei a procurar um nome. Então surgiu a palavra Monga, do nada", conta ao iG .

Quem frequentou o parque de diversões do Playcenter, em São Paulo (fechado em julho de 2012), entre os anos de 1974 e 1986, foi assustado por Romeu em sua versão mais primata. "Quando meu tio me passou o segredo (do jogo de espelhos), eu não imaginava que poderia ganharia a vida com isso". Atualmente, Romeu é dono do parque de diversões que fica no CTN, Centro de Tradições Nordestinas, na zona norte da capital paulista.

Desde 1967, o empresário é conhecido mesmo por ser o "Pai da Monga" e seu trabalho serviu de inspiração para a atriz Maria Carolina Dressler, que disse ter visto Romeu interpretar a Monga em fúria nos anos 1980.

Mulher-gorila emociona e assombra


Monga, atração do Beto Carrero World

      


O número da Monga é uma das atrações praticamente obrigatórias em circos e parques do Brasil. Segundo o departamento de shows do Beto Carrero World, em Santa Catarina, a performance da mulher-gorila ainda "emociona e assombra os visitantes".

"Muitos ficam bastante assustados, e não são apenas as crianças. Tem quem pergunte o que o macaco come, onde dorme e se já tirou a vida de alguém lá dentro”, conta Patrícia Millarch, produtora do show.

Em Belo Horizonte, no parque Guanabara, a atração conta com uma sala de projeção de um filme sobre a história da macaca e um "laboratório", onde o público assiste à transformação da Monga e leva o esperado susto. De acordo com a assessoria do Guanabara, desde 2007 a atração já soma mais de 200 mil visitantes.

O mito da mulher-macaco


         Corpo de Julia Pastrani embalsamado



A temida lenda da mulher-macaco, mulher-gorila ou Monga, nomes pelos quais é conhecida, é uma das atrações mais populares nos circos e parques de diversões do Brasil. O número também tem presença forte no Estados Unidos.

A mexicana Julia Patrana, nascida em 1834, foi a inspiração mais provável para o mito da mulher que se transforma em gorila. Julia sofria de hipertricose grave e tinha a pele coberta por pelos grossos e escuros, inclusive no rosto. Seus traços somados aos pelos fartos deixavam sua imagem semelhante a animais como ursos e macacos.

A moça foi "descoberta" por Theodor Lent, um comerciante norte-americano que a teria comprado da mãe para exibi-la em espetáculos circenses. Inicialmente, Julia era mostrada no número "A Incrível Híbrida ou Mulher-Urso", no qual também cantava e dançava.

Sua biografia é bem mais triste do que a misteriosa mulher-macaco atual. Em 1860, Julia deu à luz um bebê com hipertricose, que morreu após o parto e era fruto do casamento com o empresário Theodor. A artista morreu poucos dias depois e o marido pediu para que mumificassem os dois corpos. Com os cadáveres expostos em uma vitrine, continuou com os shows até sua morte, em 1880.

Desaparecidos por alguns anos e recuperados na Noruega, os corpos de Julia Patrani e de seu filho obtiveram autorização para serem repatriados ao México, onde foram enterrados somente em fevereiro de 2013, após 153 anos da mumificação.

Fonte: IG

Maria Carolina Dressler na peça "Monga"


"Monga" 
Sesc Santo André (r. Tamarutaca, 302, Vila Guiomar, Santo André, São Paulo) 
Temporada: 6/11 a 11/12, sempre às quartas-feiras, às 21 horas (exceto 20/11) 
Ingressos: R$ 10 (inteira), R$ 5 (meia) e R$ 2 (comerciário)

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